Nas últimas semanas, cresceram as especulações de que a Amazon planeja lançar uma operação de logística e entregas globais para competir com a United Parcel Service (UPS) e com a FedEx. Indagado sobre relatos de que a empresa estaria arrendando aviões e teria registrado um serviço de afretamento marítimo para entregas, Brian Olsavsky, diretor financeiro, minimizou as ambições da Amazon no mês passado. Ele disse que a empresa buscava apenas complementar seus parceiros de entregas nos períodos de pico, como as festas de fim de ano. Documentos obtidos pela Bloomberg indicam, porém, planos bem mais ambiciosos.
Segundo um relatório de 2013 da companhia, ao qual a Bloomberg teve acesso, a empresa pretende criar uma rede de distribuição global para controlar o fluxo de mercadorias provenientes da China e da Índia até a casa dos clientes em cidades como Atlanta e Nova York, nos Estados Unidos, e Londres, na Inglaterra.
Batizado de “Barco do dragão” — em referência à tradicional embarcação chinesa usada em corridas — o projeto promete tornar FedEx e UPS rivais da Amazon. Além disso, a gigante de Seattle enfrentaria a chinesa Alibaba. As duas empresas competem pelo domínio do mercado em expansão de e-commerce internacional. O braço de pesquisa da Alibaba, a AliResearch, e a Accenture estimam que em 2020 esse mercado vai chegar a US$ 1 trilhão, com cerca de 900 milhões de consumidores.
Segundo o relatório, o plano da Amazon é criar uma empresa chamada “Global Supply Chain” já neste ano. A ideia da companhia é eliminar ainda a participação de empresas intermediárias no setor, que atuam sobretudo com questões legais e burocráticas na transferência de mercadorias entre países. A Amazon iria, assim, comprar estoques de comerciantes em todo o mundo e, em seguida, adquirir espaços em navios e aviões. A empresa não quis comentar.
O relatório diz que, em vez de fazer reservas em companhias como DHL, UPS ou FedEx, a transação seria feita diretamente com a Amazon. “A facilidade e a transparência serão revolucionárias e haverá uma migração devido aos preços menores”, diz um trecho do relatório. Para isso, os planos envolvem a parceria com operadoras em todo o mundo, e que gradualmente serão eliminadas do processo tão logo a Amazon obtenha os volumes necessários.
“Eles estão dando os primeiros passos em um longo caminho”, disse Colin Sebastian, analista da Robert W. Baird & Co, lembrando que a empresa global de logística poderia se tornar um negócio de US$ 400 bilhões.
A gigante do comércio eletrônico tem enfrentado pressão crescente em Wall Street para reduzir seus custos de envio, que subiram 37% no último trimestre em relação a igual período do ano anterior.
A Amazon classifica o seu projeto de um “revolucionário sistema que irá automatizar a cadeia de abastecimento internacional e eliminar grande parte dos processos”.
No mês passado, uma empresa de logística de São Francisco chamada Flexport publicou um comentário na internet observando que o registro da subsidiária chinesa da Amazon nos EUA permite que ela forneça serviços de frete marítimo a outras empresas. O mercado de frete marítimo movimenta US$ 350 bilhões.
Segundo uma fonte, em dezembro, a Amazon teria avaliado arrendar 20 jatos da Boeing para controlar melhor os custos de entrega.
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