A venda da Brasil Kirin à Heineken está sendo questionada no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) pelos seus dois principais concorrentes: a Ambev e o Grupo Petrópolis. Embora tenha uma fatia de mercado maior que de Heineken e Brasil Kirin juntas, a Ambev concentrou seus argumentos em outra grande concorrente: a Coca-Cola.
A líder do mercado brasileiro de bebidas cita um acordo de distribuição existente entre Heineken e Coca-Cola para dizer que haveria problemas concorrenciais para o mercado de refrigerantes e bebidas não alcoólicas.
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A alegação da Ambev no documento enviado ao Cade é de que o mercado de bebidas não alcoólicas poderá ser afetado pela operação. “Caso concretizada a presente operação, o Grupo Heineken passará a contar também com as bebidas não alcoólicas, o que pode significar que outras bebidas não alcoólicas poderão, ao menos em tese, ser distribuídas pela rede do Grupo Coca-Cola”.
Segundo a Heineken, a Brasil Kirin tem atualmente cerca de 2% do mercado de refrigerantes brasileiro, onde atua com marcas como a Itubaína. A Heineken não atua diretamente nesse mercado no Brasil, mas tem um acordo de distribuição com o sistema Coca-Cola e não está claro se esse relacionamento deverá se manter após a aquisição da Brasil Kirin.
Conforme informou a Heineken em fevereiro, uma vez que o negócio com a Brasil Kirin se concretize, a companhia vai analisar sua futura rota e dará detalhes adicionais.
A Ambev e o Grupo Petrópolis entraram com pedidos no Cade para ingressarem como terceiros interessados no processo da Heineken e da Brasil Kirin.
Em sua notificação sobre o negócio ao Cade, a Heineken alegou que a operação com a Brasil Kirin não suscita riscos concorrenciais e mencionou indiretamente a Ambev. Para a Heineken, a “rivalidade significativa exercida pelo player dominante impede qualquer potencial abuso de poder do mercado”.
Petrópolis
Já o argumento do Grupo Petrópolis é de que a aquisição cria um “duopólio” no mercado de bebidas no Brasil. A empresa, fabricante da cerveja Itaipava, será - se concretizado o negócio - o terceiro maior grupo de bebidas depois de Ambev e do grupo formado pela união de Heineken e Brasil Kirin.
O Petrópolis considera que há a possibilidade de, depois do negócio, a Heineken utilizar a principal marca da Brasil Kirin - a Schin - para fazer pressão de preços nos mercados do Norte e Nordeste.
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