Em meio à onda de instabilidade que se instalou no sistema operacional da aviação civil no Brasil, desde o acidente com o avião da Gol em 29 de setembro do ano passado, passageiros vêm sofrendo as conseqüências, forçados a aprender a conviver com as incertezas de um sistema operacional que não dá garantias de que horários de vôos são cumpridos por motivos os mais diversos: falhas nos equipamentos do Cindacta, intempéries, problemas operacionais de determinada companhia aérea, falhas nos sistemas operacionais etc. As companhias aéreas calculam prejuízos com o aumento de gastos operacionais e o desgaste que os constantes atrasos e cancelamentos vêm provocando na imagem das empresas.
O governo se recusa a admitir os termos "caos e crise" enfatizados pela imprensa. O diretor-presidente da Agência Nacional da Aviação Civil, Milton Zuanazzi, prefere encarar a situação do sistema operacional aéreo brasileiro como um conjunto de problemas num ambiente onde a infra-estrutura está saturada e cujo sistema operacional encontra-se pressionado por um crescimento significativo na demanda e na oferta de assentos nos últimos três anos. Em palestra realizada no Fórum Panrotas, em São Paulo, Zuanazzi abordou os principais problemas, apontando gargalos no sistema.
- Nossas projeções todas são de crescimento e de saturação em alguns aspectos de infra-estrutura. Há um grande gargalo no Brasil. Quando se olha um aeroporto não se pode olhar só a pista, o terminal de passageiros ou só o sistema de pátio. Tem que olhar os três conjuntamente. Muitas vezes um equipamento está apto para terminal de passageiros e não está apto em pistas ou em pátio. Essa é o que considero a nossa crise, ou, corrigindo a mim mesmo, estes são os nossos problemas. Alguns não têm solução a curto prazo, alguns têm. Temos que ter capacidade para resolvê-los.
No centro deste sistema, o Aeroporto de Congonhas - o hub da aviação brasileira - aparece como um dos principais problemas que precisam ser solucionados. Com a expectativa de iniciar o reparo da pista principal de Congonhas em abril, Zuanazzi explicou que a obra foi postergada devido às condições meteorológicas.
- A Infraero entendia que tinha que parar o aeroporto para reparar a pista. Então descobriram um equipamento canadense que melhorava o índice de atrito, mas após o uso, verificou-se que a pista passava a apresentar barrigas, um outro problema que impedia o escoamento da água das chuvas. Os meses de outubro, novembro e dezembro constituem período de chuvas e atrasaria o cronograma de obras. A nossa opção foi fazer as obras a partir de março. Depois disso, a pista vai ficar boa - garantiu, acrescentando que, sendo iniciadas em abril, as obras deverão ser concluídas em setembro ou outubro.
A TAM, já prevendo o início iminente das obras em Congonhas, informou que deverá transferir vôos para os aeroportos de Guarulhos e Campinas.
O sistema operacional de controle aéreo - cujos equipamentos do Cindacta já se mostram insuficientes ou ultrapassados - e a situação trabalhista dos operadores deste sistema (os controladores de vôo) também são outros pontos estratégicos e questões que precisam ser resolvidas para que a situação volte à normalidade. Mas sobre isto, disse Zuanazzi, a Anac pouco pode fazer, já que são decisões que devem ser tomada em outras instâncias, num debate que está sendo conduzido pelo Ministério da Defesa.
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