A Anfavea (associação das montadoras) declarou ontem que não se comprometerá em manter o preço do carro nacional congelado, mesmo após a elevação em 30 pontos percentuais do IPI dos importados. "Não necessariamente o carro nacional vai subir por falta de competição. Até porque a disputa entre os produtos locais é grande", disse Cledorvino Belini, presidente da Anfavea.
O executivo, que também dirige a Fiat, alegou que, desde 2005, o preço médio do carro no Brasil sobe menos que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A mudança pode representar reajuste de 25% a 28% nos preços para o consumidor que comprar um carro que tenha menos de 65% de componentes fabricadas no país.
Questionado se as montadoras se comprometeriam a manter os preços pelo menos no nível atual, o presidente da entidade, Cledovino Belini, disse que "se fizermos [esse] compromisso, é cartel". Para ele, o consumidor não será prejudicado, apesar da elevação de 30 pontos percentuais no IPI, que vai se refletir diretamente no valor dos modelos importados que não são trazidos da Argentina ou do México, diminuindo o mix de produtos que cabe no bolso do consumidor. "Com a concorrência que nós temos, o mercado limita qualquer aumento de preço. O compromisso da empresa é manter market share [participação nas vendas]", acrescentou.
México
Uma pesquisa da Anfavea mostra que o aumento do IPI pode beneficiar a produção na Argentina e, principalmente, no México. O país tem acordos automotivos com esses dois países com regras menos rígidas que aquelas que passaram a valer na sexta-feira, pois a exigência é de 60% de peças produzidas em quaisquer das duas partes: no Brasil e na Argentina ou no Brasil e no México. O presidente da Anfavea admitiu que "o México é mais competitivo, mas há toda uma estrutura logística que deve ser levada em conta".