Em cerca de três horas o governo brasileiro finalizou a 10ª rodada de licitações de blocos de petróleo e gás natural vendendo 54 blocos dos 130 ofertados e arrecadando R$ 89,4 milhões, o segundo menor volume de recursos já obtido nos leilões anuais realizados desde 1999, à frente apenas da 5a rodada em 2003, primeiro ano do governo Lula.

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Esta foi a primeira vez que a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) colocou apenas blocos em terra à venda. Petrobras e Shell eram as únicas representantes das grandes produtoras de petróleo (majors) no leilão .

"Dos 28 blocos que disputamos, levamos 27 e em apenas três não houve disputa", afirmou à Reuters o gerente de Exploração e Produção da Petrobras, Francisco Nepomuceno.

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A estatal levou 27 dos 54 blocos vendidos no leilão e gastou 39,9 milhões de reais em bônus de assinatura, informou o executivo.

As apostas foram direcionadas às bacias do Amazonas, "onde entramos mais fortes porque já temos dois blocos lá"; de Potiguar (RN), "onde entramos para proteger nossa infra-estrutura"; e de Parecis (MT), "onde vamos fazer uma cerca de reconhecimento mas onde já furamos em 1986 e achamos indícios de gás", explicou Nepomuceno.

A Petrobras vai explorar sozinha 10 dos 27 blocos arrematados. Na bacia do Amazonas vai operar em parceria com a portuguesa Petrogal, parceira também em alguns blocos da bacia de Potiguar. Nessa bacia, a Petrobras fez parceria e venceu um bloco com a Partex Brasil, com sede nas ilhas Cayman. A Petrobras perdeu no entanto o bloco POT-T-603, adquirido por um consórcio integrado pela estreante Cemig.

A distribuidora de energia de Minas Gerais, também de capital público, conseguiu em consórcio com a Sipet, Comp, Orteng e a também estatal Codemig arrematar, além desse bloco, o SREC-T3, na bacia do Recôncavo (BA), e mais 4 blocos na bacia de São Francisco, onde a Shell também disputou e conseguiu levar cinco blocos.

A companhia anglo-holandesa, que já produz 34 mil barris diários de petróleo no Brasil no mar e prevê elevar a produção em 2009 com a entrada em operação de uma plataforma no Parque das Conchas, no Espírito Santo, foi responsável por ágio de 2.200 por cento sobre o preço mínimo de 500 mil reais estipulado para os cinco blocos arrematados. No total a multinacional gastou 11,5 milhões de reais.

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"O bônus está relacionado com a percepção de risco, uma avaliação mais abrangente ainda terá que ser feita...isso mostra que a Shell continua a acreditar no país", disse a jornalistas o gerente da Shell para assuntos externos, Flavio Rodrigues. A aquisição marca a entrada na exploração em terra no Brasil, observou.

Porém o maior lance foi feito pelo consórcio formado por Petrobras e Petrogal, que ofereceu 13,6 milhões de reais por um bloco na bacia do Amazonas, cujo preço mínimo era 185 mil reais.

De acordo com o diretor-geral da ANP, Haroldo Lima, o leilão pode ser considerado um sucesso e vai significar investimentos mínimos de 700 milhões de reais no Brasil, "bem acima das nossas expectativas", afirmou ele após o leilão.

Para Lima, a falta de blocos em mar não reduziu a atratividade do leilão, apesar de apenas 22 das 40 empresas habilitadas para o evento terem feito lances. Desse total, 17 saíram vitoriosas, sendo 11 brasileiras e 6 estrangeiras.

A bacia do Paraná foi a única que não teve disputa e vendeu apenas um dos cinco blocos ofertados, arrematado pela argentina STR, que ofereceu 1,2 milhão de reais em bônus de assinatura pelo bloco PAR-T-323. Os investimentos previstos na área giram em torno de 20 milhões de reais.

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Os blocos da bacia do Recôncavo, na Bahia, foram arrematados por Petrobras, que levou dois lotes; o consórcio da Cemig, que ficou com um bloco; e a Severo Villares, com mais um. Um consórcio formado pela Sinergy, do Panamá, e a brasileira Silver Marlin ficou com cinco blocos e a Alvorada, também brasileira, com mais dois. Ao todo foram vendidos 11 dos 22 blocos oferecidos na região.

Empresas como a colombiana Integral de Servicios Tecnicos (IST) e a Sinergy apostaram e levaram blocos na bacia de Sergipe-Alagoas. A Petrobras também comprou três blocos na região, e as brasileiras Severo Villares e a Nord Oil levaram um bloco cada na bacia nordestina.

De acordo com a ANP, após assinados os contratos com as empresas vencedoras do leilão desta quinta-feira, o número de concessionários no setor de petróleo e gás no Brasil subirá de 72 para 77, já que cinco empresas estrearam na 10a rodada: Agemo, Cemig, Codemig, Sipet e a colombiano IST.