Na quadra entre as Ruas São Francisco e Treze de Maio, a fachada de um imóvel de mais de meio século permanece "protegida" há quase vinte anos por um tapume. Com cerca de 22 metros de extensão, ele é motivo de raiva de vários comerciantes locais, por formar quinas e pontos cegos na região, o que favoreceria ainda mais a aglomeração de consumidores de drogas.
Ottília Nicoleti Hilu é a proprietária da Casa Hilu, que fica imediatamente ao lado do tapume. "Faz 15 anos que essa rua só vai para trás. Com o tapume, isso aqui virou um banheiro público. Encheu de maloqueiros", diz. Osvaldo Matter Filho, da alfaiataria Riachuelo, concorda que o tapume atrai visitantes indesejados. "Todas as manhãs a gente vem abrir as portas sabendo que pode encontrar uma surpresa desagradável", diz. "Tenho que pagar impostos, segurança, água, luz, esgoto, e ainda preciso limpar a sujeira que fica na calçada."
Aramis Tanous tem comércio no outro lado da rua e engrossa o coro. "Aquele prédio desocupado no meio da quadra é um problema para a gente. Acho que o poder público tem que pressionar os proprietários para dar alguma solução àquilo."
O vereador Omar Sabbag Filho, após receber pedidos de intercessão dos lojistas, informou que a secretaria de Urbanismo já teria encaminhado o caso ao Ministério Público. "Acredito que seja uma decisão acertada, uma vez que aquele bloqueio da calçada não é um problema pontual do comerciante local, mas sim de interesse coletivo da sociedade em questões de segurança e de higiene."
O terreno alvo das reclamações abrigava o antigo hotel São João, que figura na listagem de Unidades de Interesse de Preservação (UIP) da prefeitura, e que hoje mantém apenas a fachada histórica todo o interior foi demolido. O imóvel pertence a quatro herdeiros, primos entre si, das famílias Morgenstern e Schamecki. O herdeiro mais velho, Segismundo Morgenstern, diz que detém um projeto para o terreno, que consiste em restaurar a parte da frente do imóvel para uso comercial, e aproveitar os fundos para um prédio residencial, com até doze pavimentos e garagem.
"Tudo isso está em estudo. Estamos negociando com uma cooperativa habitacional para comprar o potencial construtivo", diz, confirmando que o imóvel é uma UIP. Toda a obra deve ser feita com base em permuta ou seja, a família fornece o terreno e recebe apartamentos construídos. Questionado sobre o prazo para execução da obra, ele disse que prefere não se comprometer com isso porque "ainda é preciso aprofundar a parte jurídica" entre todos os herdeiros do terreno.
Morgenstern, ex-secretário de estado do governo Jaime Lerner, lembrou ainda que a instalação do tapume foi uma exigência do poder público para proteger os pedestres de possíveis descolamentos da estrutura, e também para evitar que os andarilhos ocupassem e depredassem ainda mais o imóvel.
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