O recente aumento da taxa básica de juros, a Selic, "ainda não foi sentido" no comércio varejista, enquanto a inflação já teve efeito significativo sobre os resultados do setor em junho, observou hoje o técnico da Coordenação de Comércio e Serviços do IBGE, Reinaldo Pereira. O IBGE anunciou recorde nas vendas do varejo no primeiro semestre.
Segundo ele, a influência da alta inflacionária sobre os resultados é vista claramente no desempenho do grupo de hiper e supermercados e produtos alimentícios, cuja variação ante igual mês de 2007 passou de 8,4% em maio para 1,5% em junho. Como esse grupo é o de maior peso na pesquisa, foi ele o principal responsável pelo recuo no ritmo de alta das vendas totais do setor, de 11,1% em maio para 8,2% em junho. Para Pereira, está claro também que a inflação dos alimentos é o principal fator responsável pelo fraco desempenho dos hiper e supermercados naquele mês.
Apesar dessa influência, Pereira não acredita que haja uma trajetória de desaceleração nas vendas do comércio. "Está havendo uma influência da inflação de alimentos que parece que já está sendo revertida pelos índices de preços". A inflação de julho medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu para 0,53%, de acordo com o IBGE, ante alta de 0,74% em junho. No mês passado, o aumento dos preços dos produtos alimentícios desacelerou de 2,11% em junho para menos da metade (1,05%) em julho, também segundo o IBGE.
No encontro de junho, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, elevou a Selic em 0,50 ponto porcentual, para 12 25% ao ano. No mês seguinte, em julho, o Copom adotou uma postura mais agressiva e elevou a taxa básica de juros em 0,75 ponto porcentual, para os atuais 13% ao ano. A próxima reunião do Copom está marcada para o início de setembro.