As vendas do comércio fecharam 2015 com uma queda de 4,3%, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) divulgados nesta terça-feira pelo IBGE. O resultado anual foi o pior da série iniciada em 2001 e o primeiro negativo desde 2003, quando o volume de vendas encolheu 3,7%. No acumulado em 12 meses, a taxa foi a pior desde novembro de 2003 (-4,6%).
INFOGRÁFICO: Veja o desempenho do setor varejista nos últimos anos.
Na passagem de novembro para dezembro, a variação ficou negativa em 2,7%. Frente a dezembro de 2014, o resultado do volume de vendas foi 7,1% menor, no nono mês seguido de resultado negativo nesse tipo de comparação.
O desempenho do varejo, no entanto, foi um pouco melhor do que as expectativas. O Bradesco, por exemplo, previa que o varejo encolhesse 3% frente a novembro. Na comparação com dezembro de 2014, a projeção do banco era de queda de 7,5%.
O desempenho do varejo ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças e de material de construção, foi melhor do que a do varejo restrito na comparação com novembro, recuando 0,9% em volume. No entanto, na comparação com dezembro de 2014, houve queda de 11%. No ano, o recuo foi de 8,6%.
Inflação e desemprego
O desempenho das vendas do comércio tem sido afetado pela inflação, pela piora no mercado de trabalho – com aumento do desemprego e do temor de perder o emprego – e pela redução na renda. Os juros altos também encarecem o crédito, prejudicando principalmente a venda de bens duráveis, como veículos e eletrodomésticos.
Em novembro, graças à Black Friday, as vendas do varejo subiram 1,6% frente a outubro – o dado foi atualizado hoje, já que na primeira divulgação a alta era de 1,5% –, mas encolheram 7,8% na comparação com o mesmo mês de 2014. Mas o Natal não deu a mesma trégua na comparação com o mês anterior.
Atividades
Na passagem de novembro para dezembro, seis das oito atividades pesquisadas pelo IBGE apresentaram recuo. O setor de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-1%), que tem o maior peso no varejo, recuou pelo segundo mês nesse tipo de comparação.
Após dois meses de variações positivas, em que acumulou expansão de 2,1%, a área de tecidos, vestuário e calçados zerou os ganhos, já que perdeu exatamente 2,1%. Outros destaques ficaram com móveis e eletrodomésticos (-8,7%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-3,6%); livros, jornais, revistas e papelarias (-1,4%); e equipamentos de escritório, informática e comunicação (-9,1%).
O desempenho positivo ficou com os setores que vendem bens considerados essenciais, como artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (0,4%) e combustíveis e lubrificantes (0,5%).