O tombo do Ibovespa em maio por causa da crise europeia levou algumas pechinchas para a bolsa paulista, mas a postura de investidores deve continuar cautelosa em junho diante de um cenário global ainda incerto.
O principal índice de ações do Brasil terminou o mês a 63.046 pontos, com queda acumulada de 6,64 por cento. Foi a maior baixa mensal desde outubro de 2008, no auge da crise provocada pelo colapso do banco Lehman Brothers.
Nesta segunda-feira (31), com liquidez reduzida por causa de um feriado nos Estados Unidos, houve alta de 1,77 por cento.
No momento mais tenso de maio, quando a Alemanha proibiu a venda a descoberto de algumas operações para tentar reestabilizar o mercado europeu, o Ibovespa chegou a cair abaixo de 58 mil pontos.
A apreensão dos mercados teve origem no enorme déficit fiscal da Grécia, que colocou em xeque a capacidade do país em honrar as dívidas e arrastou consigo a confiança de investidores no euro. Para proteger a moeda comum, a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI) se viram forçados a apresentar um pacote de ajuda de 1 trilhão de dólares.
"O ambiente, segundo nossa avaliação, ainda mantém-se muito sensibilizado ao risco", avaliou a corretora Planner. "Continuamos com a percepção de que os portfólios devem ser mais protegidos. Papéis como Petrobras e Vale estão mantidos pela alternância de liderança que permitem aos negócios."
Até o dia 27 de maio, a venda de ações por estrangeiros somava 2,2 bilhões de reais em termos líquidos, segundo a BM&FBovespa - reflexo da busca por ativos considerados mais seguros.
Mas a mesma queda provocada pela cautela abriu espaço para compras de oportunidade. Recentemente, relatórios de bancos como BTG Pactual, Goldman Sachs e JPMorgan lembraram que a perspectiva para a economia brasileira é positiva, o que torna o baixo preço atual das ações bastante sedutor.
André Hanna, economista da corretora Interfloat, tem opinião semelhante. Para ele, ainda há a possibilidade de uma nova queda das ações no curto prazo, seja por uma piora na Europa ou por um iminente aumento do juro na China.
Mas, no médio prazo, essa pode ser uma chance de ouro para comprar ações. "(A alta) não vai ser em 'V', vai ser meio sofrida. Mas (a queda recente) já deixou um monte de valuation atrativo", afirmou.
Em relação aos juros chineses, cuja alta pode esfriar a recuperação econômica global, toda a atenção deve estar voltada para a agenda de indicadores econômicos. Conforme aponta o banco de investimento JPMorgan, "as decisões políticas (do país) geralmente são dependentes dos dados e reativas".
Nesta semana serão divulgados números sobre o setor manufatureiro. Na próxima, o mercado receberá dados sobre inflação, comércio exterior, vendas no varejo e investimento.
Pregão com volume reduzido nesta segunda
A última sessão de maio teve volume atípico por conta do feriado de Memorial Day nos EUA. Um problema técnico nos mercados futuros no início da manhã também afetou os negócios. O giro financeiro somou 3,896 bilhões de reais.
As ações que mais contribuíram para a alta do Ibovespa foram as peso-pesado Petrobras, com ganho de 4,96 por cento, a 29,60 reais, e Vale, com alta de 2,22 por cento, a 42,88 reais.
Percentualmente, os destaques positivos do Ibovespa foram duas ações de telecomunicações: Brasil Telecom PN, com alta de 5,69 por cento, a 11,89 reais, e Telemar ON, com ganho de 5,26 por cento, a 35,79 reais.
Na ponta negativa, a maior baixa coube à Rossi Residencial, com perda de 2,47 por cento, a 13,05 reais.
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