A briga entre a Volkswagen e um de seus fornecedores de autopeças, que paralisou fábricas da montadora no Brasil, ganhou mais um capítulo nesta segunda-feira (12). A Volks veiculou anúncios em jornais chamando fabricantes de autopeças que queiram fornecer diretamente a ela as partes usadas na confecção de bancos e na armação de carrocerias dos automóveis.
Desde o ano passado, desentendimentos comerciais e uma briga judicial entre a Volkswagen e o Grupo Prevent – dono de cinco fábricas que forneciam à montadora – fizeram a companhia alemã rescindir o contrato com a empresa.
A decisão e, por consequência, a falta de peças para a produção de automóveis fez a Volkswagen suspender por completo as atividades nas quatro fábricas que mantém no Brasil. Desde julho, as unidades de São José dos Pinhais, no Paraná, e de Taubaté, São Carlos e São Bernardo do Campo, em São Paulo, enfrentam sérias dificuldades de produção por falta de alguns insumos. Hoje, a operação em todas está paralisada.
Já são mais de 160 dias com a montagem dos carros comprometida e um total de 150 mil unidades que deixaram de ser fabricadas por causa do problema. Com os anúncios, a montadora espera normalizar o fornecimento de peças.
“A estratégia busca restabelecer o ritmo de produção e retomar o funcionamento de toda a cadeia produtiva e a tranquilidade dos mais de 100 mil trabalhadores das empresas fornecedoras, subfornecedoras, da sua Rede de Concessionários e de seus clientes, além dos cerca de 18 mil empregados da Volkswagen do Brasil”, informou a Volks em nota.
Pé de guerra
Em agosto, motivada pela falta de condições para continuar a operar sem as peças, a Volkswagen antecipou as férias coletivas de 11 mil dos 18 mil funcionários, antes planejadas para outubro.
A cobrança frequente de reajustes não estabelecidos no contrato com o Grupo Prevent e o descumprimento de onze acordos comerciais desde março de 2015, segundo a Volkswagen, foi o que motivou o rompimento da parceria. A multinacional entrou com uma ação para recuperar ferramentais particulares utilizados pela Prevent e o processo continua em curso.
O Grupo Prevent, que fechou uma fábrica que tinha no Paraná, por outro lado, se defende afirmando que a decisão da montadora alemã foi “arbitrária” e que todas as decisões eram tomadas buscando atender o “interesse comum” das companhias envolvidas no acordo.
Apesar da argumentação, pesa contra o grupo o fato de que, em maio deste ano, a Keiper – uma das fabricantes de componentes metálicos que pertence ao grupo – também obrigou a fábrica da Fiat, em Betim, na região Metropolitana de Belo Horizonte, a paralisar sua produção por falta da entrega de estruturas metálicas soldadas.
Segundo a Fiat, a empresa buscava reajustar os preços. De acordo com o Grupo Prevent, a interrupção dos componentes ocorreu porque haveria débitos da montadora em relação a uma remessa de peças que, na época, ainda não havia sido paga.
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