A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) mantém alta volatilidade nesta sexta-feira (17). A bolsa paulista chegou a ter alta de mais 3% no início do pregão, mas, depois, recuou e chegou a cair mais de 2%. Às 13h22, porém, operava praticamente estável, em alta de 0,12%, a 48.075 pontos.

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No início do pregão desta sexta-feira, a Bovespa teve um princípio de alta devido à decisão do banco central dos EUA de cortar a taxa de juros cobrada dos bancos e de flexibilizar as regras para empréstimos.

Às 13h20, a cotação do dólar, que fechou a quinta-feira próximo de R$ 2,10, tinha queda de 3,01%. A moeda norte-americana era vendida a R$ 2,03. Na quinta-feira, o dólar fechou a R$ 2,094 e chegou a subir mais de 5% durante o dia.

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Volatibilidade

Para o economista-chefe da Up Trend Economic Advisors, Jason Vieira, a "notícia do banco central norte-americano foi superavaliada" e a tendência é que a "volatilidade" volte a marcar o mercado.

"A expectativa da notícia era a que o Fed fosse até baixar os próprios juros nos EUA, mas, depois, descobriu-se que o Fed baixou os juros bancários. Isso ajuda, mas não resolve o problema", afirmou Vieira.

Quinta, dia de instabilidade

Na quinta, num dia de forte instabilidade, em que registrou a pior queda do ano (8,33%) antes do fechamento dos negócios, a Bovespa se recuperou e terminou o pregão com um recuo de 2,58%, a 48.016 pontos. Foram negociados R$ 8,397 bilhões, acima da média diária da bolsa.

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Taxa de juros

O Federal Reserve, o BC dos EUA, decidiu cortar uma das suas taxas de juros, taxa de "redesconto", de 6,25% para 5,75% ao ano. Essa é a taxa que os bancos pagam quando precisam tomar dinheiro emprestado por um dia. A taxa básica de juros dos EUA permanece inalterada em 5,25%.

Além disso, os bancos centrais regionais dos EUA poderão a partir de agora emprestar dinheiro para as instituições financeiras norte-americanas. Com isso, haverá mais dinheiro em circulação. O objetivo é evitar uma quebradeira em bancos e fundos nos EUA.

Em um comunicado, o Fed também afirmou que está monitorando a situação e está preparado para agir novamente, caso seja necessário reduzir os efeitos negativos da crise no mercado financeiro.

"As condições do mercado financeiro têm se deteriorado, e o aperto no crédito e o aumento das incertezas têm o potencial de restringir o crescimento econômico", diz o Fed.

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Abalo mundo inteiro O abalo nas bolsas de valores de todo o mundo, que resultou na seqüência de fortes quedas no mercado financeiro, tem origem no mercado imobiliário dos EUA: os americanos estão atrasando ou deixando de pagar a hipoteca da casa própria.

Há alguns anos, com a queda da taxa de juros nos EUA, houve uma corrida por refinanciamento de residências. Endividados com compras do comércio - especialmente com cartão de crédito -, muitos americanos resolveram renovar a hipoteca da casa, levando dinheiro na troca, saldando as dívidas de consumo e esticando o prazo de pagamento das casas.

Esse subterfúgio foi usado especialmente pelo grupo "subprime", reservado para os clientes que são considerados "propensos à inadimplência" por não terem renda comprovada, por comprometerem grande parte dela com as prestações ou por terem um histórico de inadimplência em outras modalidades de crédito. Ainda assim, essas pessoas conseguiram dinheiro emprestado para refinanciar a casa.

Por representarem um risco, esses clientes pagam juros mais altos, que podem chegar a 12% ao ano - o que é normal para o Brasil, mas quase inconcebível para os Estados Unidos. Porém, os juros altos, combinados ao fato de o "boom" imobiliário ter reduzido o valor dos imóveis, fizeram com que muita gente simplesmente desistisse de pagar os empréstimos da casa própria para não acabar no prejuízo.

O que aconteceu foi o seguinte: com as casas valendo menos, não era mais vantagem pagar as prestações. O G1 encontrou um caso de um mutuário que tinha um financiamento de R$ 370 mil no banco - com juros de 12% ao ano - para um imóvel que hoje vale somente R$ 320 mil. Além disso, mesmo depois do refinanciamento, ele tinha dívidas no cartão de crédito, as quais ele precisaria saldar para poder convencer o banco a novamente refinanciar a dívida, só que com juros menores. (Para ler mais, clique aqui)

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O movimento de desistência das hipotecas caras demais, conforme se temia, está tendo um efeito corrosivo nos resultados das empresas de crédito imobiliário. Nesta quinta-feira, duas empresas que atuam no ramo - uma americana e uma australiana - anunciaram que estão tendo dificuldade para conseguir empréstimos para cobrir o buraco financeiro deixado pela inadimplência no setor "subprime".