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O dólar se manteve perto de R$ 1,66 nesta quinta-feira, em alta de 0,48% sobre o dia anterior após uma jornada de ajustes no mercado internacional e de reavaliação sobre as perspectivas políticas e de possíveis medidas cambiais no Brasil.

A moeda norte-americana fechou a R$1,663. Na mínima do dia, logo após a abertura, o dólar foi cotado a R$ 1,647 , no menor patamar desde o início de setembro de 2008.

Após a queda no início do dia, o dólar virou no Brasil em linha com uma diminuição das perdas da moeda norte-americana frente a outras divisas. O euro, por exemplo, subia 0,7% às 16h30, após se fortalecer 1% pela manhã.

De toda forma, a intensidade do movimento no Brasil foi maior que em outras praças. "Hoje o dólar (aqui) teve uma dinâmica diferente do resto do mundo", disse Jorge Knauer, gerente de câmbio do banco Prosper, no Rio de Janeiro.

Um dos motivos apontados por profissionais de mercado para a sustentação da taxa de câmbio foi a queda abrupta das projeções de juros na BM&FBovespa, após um dado de inflação mais fraco que o esperado e a repercussão de pesquisas recentes de intenção de voto apontando para um crescimento do candidato José Serra (PSDB).

"Essa atividade de preço, muito positiva, parece ser consistente com a interpretação, com a qual concordamos, de que Serra agiria rapidamente para reduzir os gastos públicos", escreveu Tony Volpon, chefe de pesquisa para mercados emergentes nas Américas da Nomura Securities.

De acordo com pesquisa CNT/Sensus, a candidata Dilma Rousseff (PT) tem 46,8% contra 42,7% de Serra. Como a margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, para baixo ou para cima, no limite mínimo a petista teria 44,6% e no máximo o tucano teria 44,9%.

Para Luciano Rostagno, estrategista-chefe da corretora CM Capital Markets, "o Serra claramente tem se expressado em prol de um câmbio mais depreciado aqui. Essa pesquisa pode estar fazendo algum preço". Posições vendidas

Para Marcelo Oliveira, operador de câmbio da corretora BGC Liquidez, parte do movimento do dólar tem relação também com reportagem do jornal Valor Econômico desta quinta-feira, que afirma que o governo pode elevar a margem de garantia para operações de câmbio na BM&FBovespa.

O intuito seria dificultar a queda do dólar, que tem sido impulsionada, entre outros fatores, pelas expressivas posições vendidas de estrangeiros no mercado futuro.

"Acho que acendeu um (sinal) amarelo. Se mexer na BM&F, já com todos os custos de carrego e etc... Pode ficar realmente difícil se expor", disse Oliveira.

Dados da BM&FBovespa mostram uma posição vendida de 15,062 bilhões de dólares de investidores não-residentes em contratos de dólar futuro e de cupom cambial (DDI).

O governo tem tentado frear a queda do dólar com várias medidas recentemente, sem sucesso. O Banco Central tem comprado dólares duas vezes por dia, o Ministério da Fazenda elevou a alíquota do IOF para investimentos estrangeiros em renda fixa, e o Fundo Soberano está a postos para uma ação adicional.

Questionado nesta quinta-feira sobre possíveis medidas adicionais para frear a alta do real, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, desconversou: "não sei."

Perto do fechamento do mercado à vista, a clearing de câmbio da BM&FBovespa registrava 4,1 bilhões de dólares em negócios. O dado supera a média de volume negociado em outubro, em cerca de 3 bilhões de dólares por dia.

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