A Argentina se prepara para acionar o Mecanismo de Adaptação Competitiva (MAC) contra as importações brasileiras e já entregou ao governo brasileiro uma lista dos produtos que pretende barrar. Segundo nota divulgada pela Secretaria da Indústria, "ambos os governos iniciaram o procedimento de regulamentação do MAC", que acionará medidas de salvaguardas e compensações para os setores prejudicados pelas exportações de qualquer um dos dois sócios. Para tanto, continua a nota, o governo argentino "apresentou uma proposta ao Brasil, que também deverá fazê-lo no próximo encontro bilateral", que poderia ocorrer no âmbito da cúpula do Mercosul, em dezembro, em Salvador.

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"A Argentina manifestou sua preocupação pelo comportamento de certos setores exportadores brasileiros", diz a nota, citando os setores de metalmecânica, autopeças e outras manufaturas industriais. "Embora se trate de casos isolados, o Brasil se comprometeu a estudar a situação", afirmou a nota emitida após a reunião da Comissão Bilateral de Monitoramento do Comércio, realizada nesta terça-feira (18), em Buenos Aires.

Mas não foi só a Argentina que reclamou durante a reunião. O Brasil também "manifestou sua inquietude pela ampliação do regime de licenças não automáticas por parte do governo argentino para os têxteis e televisores". As licenças não automáticas são barreiras que afetam as exportações. "Os negociadores também decidiram levar para a próxima reunião do Mercosul, os requerimentos para o aumento da Tarifa Externa Comum (TEC) para vinhos, pêssegos, laticínios, produtos têxteis, móveis de madeira, produtos da indústria de calçados e outros", afirma a nota.

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Foi realizada ainda a primeira reunião da Comissão de Monitoramento do Setor Automotivo entre ambos os países, após o acordo fechado em junho último. Entre julho e outubro, comparado com o mesmo período do ano anterior, as exportações argentinas aumentaram 53%, enquanto as brasileiras, 34,6%.

Pelo acordo automotivo, a paridade é de US$ 1 por R$ 2,50. Para cada US$ 1 que a Argentina importa do Brasil , pode exportar US$ 2,50 livre de impostos, o que representa uma vantagem para os argentinos.

A grande preocupação é que 60% de sua produção de automóveis é destinada à exportação, e o principal comprador é o Brasil.

A crise tem afetado as vendas, o que levou as montadoras a rever seus planos para 2009 e a reduzir a produção. Além disso, as montadoras argentinas estão fechando as fábricas nos finais de semana e um dia durante a semana. Também estão concedendo férias coletivas.

Além de brigar com o governo por uma política nacional agropecuária, os produtores argentinos estão lutando contra um adversário implacável: o clima adverso.

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A produção de trigo e milho já vinha sofrendo uma redução por causa do longo período de estiagem, mas o golpe de misericórdia foi dado no fim de semana com uma geada que afetou algumas zonas da província de Buenos Aires.

Os analistas ainda não se atrevem a calcular as perdas, mas a Bolsa de Cereais de Rosario indica que a produção de trigo diminuirá 40% em relação à última safra.