Eike Batista não desiste. Alçado a um dos maiores empresários do país nos anos 2000, com negócios que iam de óleo e gás à mineração e passavam pelo entretenimento, ele viu o seu império ruir há três anos. Com a derrocada, as empresas mudaram de mãos e sua fortuna – que chegou a ser estimada em US$ 34 bilhões – derreteu. Mesmo sem os bilhões e os holofotes, a ambição de Eike não diminuiu. Com uma rotina pesada de trabalho, ele tenta tirar do papel diversos projetos.
Todos os dias, o ex-bilionário dá expediente em um prédio comercial na Praia do Flamengo, onde o grupo ficava antes de se mudar para o suntuoso Edifício Serrador, no centro do Rio. Os 23 andares do prédio histórico chegaram a abrigar 400 funcionários da EBX – holding que reunia os negócios do grupo. Hoje, a equipe de Eike se resume a 20 pessoas dedicadas a negócios minúsculos em comparação às ambições um dia associadas às empresas X. As novas apostas vão do lançamento de um creme dental que promete regenerar o esmalte dos dentes a um projeto logístico no Chile.
O comportamento do empresário mudou junto com o porte de seus negócios. Ressentido com toda a exposição negativa que teve com a quebra do grupo, está mais reservado e avesso a entrevistas. Uma fonte conta que Eike hoje tem poucos amigos. E até pessoas próximas admitem que uma “volta por cima” é improvável. “Falir aqui no Brasil é visto como fracasso. Vai ser difícil para ele recuperar a credibilidade.” Eike ainda é réu em ações penais sob a acusação de manipulação de mercado e uso de informação privilegiada.
Na semana passada, o empresário evitou a imprensa ao prestar seu primeiro depoimento à Lava Jato. Ele foi ao Ministério Público Federal (MPF) para esclarecer sobre suas relações comerciais e políticas com o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) e sua mulher, Adriana Ancelmo. O MPF desconfia de um pagamento feito pela EBX ao escritório de advocacia de Adriana, no valor de R$ 1 milhão.