Pelo terceiro ano consecutivo, a Consumers International (CI), ONG que reúne mais de 200 entidades de defesa do consumidor de 115 países, elegeu as "piores empresas do mundo", numa espécie de "Oscar" do desrespeito ao consumidor. Nesta edição, o prêmio foi baseado exclusivamente no chamado "greenwashing", prática que consiste em promover supostas qualidades ecológicas de produtos e serviços que não condizem com a realidade.
As empresas vencedoras desta edição foram a montadora alemã Audi, a petrolífera British Petroleum (BP), a companhia aérea europeia easyJet e a gigante da tecnologia Microsoft. A votação, feita por um corpo de secretários da CI e especialistas em Direitos do Consumidor em todo o mundo, tem por objetivo chamar a atenção para as empresas que ignoraram o direito do consumidor de ter informações verdadeiras e confiáveis sobre o impacto ambiental dos produtos e serviços que adquire, a fim de que faça escolhas conscientes.
"Muitos dos maiores emissores de gases do efeito estufa acreditam que podem esconder seu rastro de contaminação divulgando aos quatro ventos iniciativas ecológicas através de anúncios e de seus departamentos de relações públicas", justifica a entidade. "Isso não apenas engana o consumidor, mas também, com frequência, o induz a gastar sem necessidade. A prática do marketing verde simplesmente mina a confiança do consumidor em relação ao mundo empresarial, comprometendo os esforços legítimos de estímulos a estilos de vida mais ecológicos, em uma situação que todos saem perdendo", avalia a CI.
A Audi foi premiada por dar a entender, em sua campanha de marketing, que seu novo carro movido a diesel é limpo e não prejudica o meio ambiente, além de sugerir que conduzir o veículo é "tão ecológico quanto andar de bicicleta".
Já a gigante do petróleo BP, apesar de propagandear frequentemente a respeito de sua divisão de energias alternativas, tem, na verdade, reduzido seus investimentos nesta área, além de adiar projetos de pesquisa e desenvolvimento de energias menos poluentes.
A easyJet divulgou que seus aviões são "mais ecológicos que um carro híbrido", manipulando gráficos para sustentar a tese.
A Microsoft, por sua vez, vem divulgando que seu mais novo produto, o Windows 7, é ecológico por agregar alguns mecanismos de economia de energia em relação à sua versão anterior. Por outro lado, a empresa incentiva os consumidores a comprarem um novo computador para que possam aproveitar essa "vantagem". Com isso, a empresa estaria se utilizando de conceitos ecológicos, ao mesmo tempo em que estimula a geração do chamado lixo tecnológico, altamente poluidor.