Um alto consultor do presidente da China, Xi Jinping, defendeu a economia chinesa, dizendo que o país tem uma liderança forte para prosseguir nos esforços para transformar o modelo de crescimento e afirmando que não serão lançados grandes pacotes de estímulo para impulsionar a expansão.
“A transição da economia da China de um modelo puxado por investimentos para um modelos puxado pelo consumo está acontecendo”, declarou Fang Xinghai, diretor-geral do Escritório do Grupo Líder Central para Relações Econômicas e Financeiras, em entrevista durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos. “A China vai continuar no caminho da transição em 2016 e depois”, acrescentou.
As declarações de Fang foram feitas depois de o governo chinês informar nesta semana que o Produto Interno bruto (PIB) do país cresceu 6,9% em 2015, o desempenho mais fraco em 25 anos. O dado ampliou as preocupações com uma forte desaceleração da economia chinesa e alimentou especulações de que Pequim tomaria mais medidas para estimular o crescimento no curto prazo, à custa de reformas de longo prazo.
“O maior risco para a China não é desacelerar de forma calculada, mas sim estimular a economia para a uma velocidade tão irrealista que implodiria subitamente e entraria em chamas”, disse Fang. O foco para os próximos anos, disse ele, é acelerar “reformas estruturais no lado da oferta da economia, para atender melhor as mudanças nas demandas dos consumidores”.
Essas reformas, como apresentadas em um plano anunciado pela liderança do país em dezembro, envolvem o fechamento de companhias ociosas, como siderúrgicas, a fim de combater o excesso de capacidade. Além disso, o país deve reduzir o estoque de moradias não vendidas, facilitando que trabalhadores do setor agrícola se mudem para as cidades, e abrir mais as portas para empresas estrangeiras e privadas investirem nos mercados chineses. Pequim também planeja reduzir o montante de dívidas com problemas e fazer outras mudanças para que a economia fique melhor no longo prazo.
“Uma reforma estrutural bem-sucedida do lado da oferta facilitará muito a transição econômica da China, o que deve ser muito bom para a economia mundial, porque ela precisa mais não de mais investimento, mas sim de mais consumo”, avaliou Fang.
Ainda assim, conforme a desaceleração chinesa se aprofunda, muitos investidores questionam o ímpeto de Pequim para levar adiante reformas que poderiam pressionar o crescimento no curto prazo, do qual os dirigentes dependem para sua sobrevivência.
“A China é abençoada com a liderança forte e focada no longo prazo do presidente Xi Jinping, o melhor líder no mundo”, afirmou Fang. “Com esta liderança, nós podemos lidar com os riscos inevitáveis e a volatilidade que surge na transição.”
Enquanto isso, Fang também disse que a China “não permitirá que a economia desacelere muito fortemente”, o que significa que as políticas fiscal e monetária continuarão “apropriadamente apoiando” a economia em 2016. “Mas a China não pode se dar ao luxo de ampliar seus riscos financeiros ou piorar mais nosso ar, a água e a terra com a construção de mais fábricas”, acrescentou.
Fang também pediu que os investidores globais coloquem a economia chinesa em um contexto mais amplo, para compreendê-la corretamente. Ele apontou que dados que mostram o progresso de Pequim para reequilibrar a economia: o consumo como parcela do Produto Interno Bruto (PIB) aumentou de 49,1% em 2010 para 52,5% em 2015, enquanto a fatia dos serviços em relação ao PIB avançou de 44,2% em 2010 para 50% em 2015.
“A velocidade da transição talvez não seja rápida o suficiente para algumas pessoas, mas é na verdade bastante rápida para um país do tamanho da China e esse processo de transição continuará”, afirmou Fang. “A volatilidade no mercado financeiro é um resultado da reavaliação em andamento dos preços dos ativos, associados com esta transição”, afirmou ele.