Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Crise financeira

Até quando?

Depois que os mercados de todo o mundo começaram a semana um pouco aliviados, principalmente após um pacote trilionário de ajuda aos bancos na Europa e do início de implementação do plano de socorro dos Estados Unidos, muita gente se perguntou se este seria "o começo do fim" da crise. Mas o tombo da Bovespa ontem mostrou que não.

O mercado está mais calmo?

Não mesmo. A queda abrupta na Bovespa ontem é a maior prova de que as altas observadas nos dois dias anteriores não vieram para ficar. O que ocorreu no início desta semana foi uma reação positiva ao esforço de nações em todo o mundo em mitigar os efeitos da crise.

"É um buraco cuja profundidade é crescente, decorrente da deterioração dos ativos bancários, inquantificável, não localizável e com potencial para transformar a Terra no inferno de Dante."

Analistas da Rosenberg & Associados, em relatório, em alusão à obra A Divina Comédia, de Dante Alighieri (1265-1321).

* * * * * * *

Quando poderemos respirar aliviados?

Esta é, talvez, a questão mais difícil de ser respondida, e ninguém se arrisca a dar palpites. Analistas acreditam que, no ano que vem, o mercado deverá recuperar parte da normalidade, embora com um crescimento econômico mundial revisto para baixo. A projeção do Fundo Monetário Internacional (FMI) para 2009 foi revisada de 3,9% em julho para 3% na semana passada.

"Agora temos chances de a economia começar a se recuperar, mas a recuperação total deve levar um par de anos."

Tomás Málaga, diretor setorial de economia da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

"O risco de derretimento do sistema financeiro internacional foi evitado. Vamos conseguir estabilizar o problema. Mas o que vem depois não é bonito."

Alexandre Schwartsman, economista-chefe para a América Latina do Santander.

* * * * * * *

Toda a dimensão da crise é conhecida?

Nem de perto. Analistas afirmam que o que apareceu até agora (bancos fechando ou sendo vendidos por conta de perdas ligadas ao mercado de crédito imobiliário de risco nos Estados Unidos) foi apenas uma parte do problema. Além disso, no Brasil, não se sabe ainda o número de empresas que realizaram operações no mercado de derivativos de câmbio apostando num dólar baixo. Sadia, Aracruz e Votorantim registraram perdas bilionárias com estas operações, e outras companhias podem ter que assumir o mesmo.

"Apesar de reconhecermos que as medidas recentes dos bancos centrais e tesouros por todo o globo reduziram de forma importante a continuidade do risco sistêmico, todo o cuidado é pouco para vermos nos próximos dias o real efeito em termos de normalização dos mercados."

Alexandre Póvoa, diretor da Modal Asset Management, em relatório.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros