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Aumento de imposto não tira atratividade das ações de bancos

Como parte do ajuste fiscal, o governo federal elevou, no último dia 22, a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) paga por instituições financeiras. A alíquota passou de 15% para 20%. Os papéis dos bancos foram afetados pela notícia — naquele dia, os papéis preferenciais (PN, sem direito a voto) do Itaú Unibanco registraram queda de 2,10%, enquanto os do Bradesco recuaram 2,11%. No caso do Banco do Brasil, a queda foi de 3,39%. O aumento do imposto é visto como negativo pelo mercado, mas analistas ressaltam que o impacto para o investidor dependerá do perfil de cada um.

Especialistas sustentam que, ainda que possam sofrer a curto prazo, os bancos têm espaço para repassar esse aumento de imposto para os clientes. Além disso, lembram, as instituições financeiras estão preparadas para lidar com cenários adversos, e seus papéis são relativamente seguros.

Para o aposentado Binyamin Goldstein, que investe em ações de bancos há mais de dez anos, mesmo com o aumento do imposto, os bancos continuam a ser um bom investimento:

— A maior parte da minha carteira é composta por ações de bancos, que compro aos poucos, conforme ganho dividendos. Gosto desse papel por uma questão de segurança, já que são empresas sólidas, sérias e que têm uma boa administração. Embora haja risco, é pequeno. O aumento da CSLL tem impacto, mas pequeno.

Em 5 anos, melhor que a bolsa

Analistas consultados pelo Globo concordam que quem já tem a ação deve mantê-la, mas diferem quanto à compra desses papéis. Fernando Araújo, gestor da FCL Capital, por exemplo, diz que não recomendaria a aquisição em detrimento de outros setores, assim como João Augusto Salles, da consultoria Lopes Filho e Associados, que aconselha os investidores a passarem longe desses papéis no momento. Por outro lado, o analista-chefe da Gradual Investimentos, Daniel Marques, acredita que o pior já passou e que vale a pena investir nos grandes bancos.

O comportamento dos papéis do setor financeiro tem grande impacto no Ibovespa, índice de referência da Bolsa brasileira, pois este considera o valor de mercado das empresas. Juntos, Bradesco, Itaú, Itaúsa (controladora do Itaú) e Banco do Brasil alcançam quase um quarto do índice. No ano, os bancos acumulam um desempenho inferior ao do Ibovespa, o que, segundo analistas, reflete as medidas de ajuste fiscal.

Nos últimos cinco anos, no entanto, a trajetória dos papéis de Itaú e Bradesco, por exemplo, é ascendente, com o primeiro registrando um avanço de 25%, e o segundo, alta de 41,25%. No mesmo período, o Ibovespa acumula recuo de 13,63%.

— É um modelo quase único no mundo, porque esses bancos atuam em muitos elos e produtos bancários. Claro que a desaceleração da economia também os afeta, no entanto, mesmo com o aumento da CSLL, os lucros crescem menos, mas crescem. São empresas defensivas, que comprovadamente entregam boa rentabilidade e são boas pagadoras de dividendos. — avalia Araújo, da FCL. — Neste cenário, o investidor vai se apropriar menos do crescimento, mas é uma alternativa de risco e retorno boa para muitos tipos de investidor, principalmente para aqueles que estão começando.

Impacto “de uma só vez”

Se no primeiro trimestre deste ano o lucro dos bancos registrou um crescimento médio de 20% em relação ao mesmo período de 2014, Salles acredita que, com o aumento da CSLL, esse ganho deve diminuir. Ele estima que, se o lucro dessas instituições subir 8% em 2015, o ano está ganho. Em sua análise, os bancos vão trabalhar em três variáveis para elevar o lucro ao patamar da inflação — segundo projeção de analistas ouvidos pelo Banco Central, no boletim Focus, o IPCA deve fechar o ano a 8,37% —, com diversificação das receitas com tarifas, geração de créditos tributários e aumento da taxa de juros para crédito ao consumidor.

Para Marques, como o aumento da CSLL foi feito através de medida provisória (MP), seu impacto nas ações foi “rápido, de uma vez só”.

— O mercado precifica isso, e automaticamente as ações têm queda. Isso faz os papéis caírem em média 12% em um só mês, mas depois é bola para frente — explica o analista-chefe da Gradual. — Não acredito que o investidor precise evitar esse tipo de papel porque o impacto disso já foi digerido pelo mercado. Exceto no caso dos bancos de médio porte, que têm menor possibilidade de repassar esse aumento para o cliente, têm mais dificuldade de cortar despesas e já estavam passando por problemas.

Marques destaca ainda que os bancos brasileiros estão entre os mais rentáveis do mundo. Ele cita, por exemplo, o retorno sobre o patrimônio líquido — que avalia a rentabilidade do negócio e o retorno sobre o dinheiro investido — do Itaú, que está acima de 20% ao ano. Já entre as instituições financeiras com melhor desempenho no exterior, como o Barclays, do Reino Unido, diz, esse retorno fica entre 10% e 12%.

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