Cassiane dos Santos, de 19 anos, está em busca de emprego desde o fim do ano passado. Para aumentar suas chances, a jovem diminuiu as pretensões que tinha inicialmente, mas não foi o suficiente para acabar com a espera. “Estou atrás de qualquer vaga. Antes, não queria trabalhar no fim de semana, mas agora já estou aceitando emprego de domingo a domingo porque está muito difícil. Mesmo assim ainda não consegui”, diz.
O caso da jovem moradora de Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba, não é único. No primeiro trimestre deste ano, a taxa de desocupação dos jovens de 18 a 24 anos no Brasil alcançou 17,6%, patamar bastante elevado em relação à média de desocupação total de 7,9%, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua). É a maior taxa de desemprego dos jovens nos últimos três anos.
Apesar de todos os índices de desocupação aumentarem em inícios de ano, o dos jovens em 2015 é quase dois pontos porcentuais maior do que no primeiro trimestre do ano passado (15,7%), mostrando mais força do que nas demais faixas etárias. Exclui-se neste caso o grupo com idade entre 14 e 17 anos, que ainda está em busca de estágios ou de vagas como menor aprendiz.
Tempos de crise
Os jovens são os principais afetados em tempos de desaquecimento econômico. Basicamente porque são os primeiros a serem demitidos quando as empresas passam por dificuldades, já que têm menos experiência. Para complicar, encontram barreiras na recolocação profissional porque em momentos de crise mais profissionais experientes estão em busca de emprego.
“Reduções de quadro normalmente ocorrem com cargos de menor experiência. Se as empresas têm duas pessoas realizando a mesma função e precisam cortar uma das vagas, com certeza o escolhido será quem tem menos experiência”, afirma Adeildo Nascimento, diretor de projetos e cooperação internacional da seção estadual da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-PR).
Falta experiência
Jéssica Morales, de 21 anos, foi demitida do último emprego na portaria de um condomínio sem justificativa aparente e está à procura de uma nova vaga há cerca de um mês. “Estou encontrando bastante dificuldade. As vagas que tenho achado beneficiam as pessoas com mais experiência. Deveriam dar mais oportunidade para quem está começando e ainda não tem tanta experiência”, diz.
O especialista da ABRH-PR explica que a pisada no freio de novas contratações e a priorização de promoções internas nas empresas também dificultam o retorno ao mercado de trabalho dos mais jovens. “Como a maior parte das novas vagas são para cargos de nível de entrada, quem mais sofre são eles”, afirma.