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Desemprego sobe e qualidade do trabalho piora

País fechou o trimestre encerrado em abril com 36 milhões de trabalhadores com carteira assinada. | Giuliano Gomes/Gazeta do Povo
País fechou o trimestre encerrado em abril com 36 milhões de trabalhadores com carteira assinada. (Foto: Giuliano Gomes/Gazeta do Povo)

Ao movimento soma-se uma queda de 552 mil pessoas no volume de trabalhadores com carteira assinada no intervalo de um ano. Também caiu, em quase 300 mil pessoas, a quantidade de trabalhadores sem carteira. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgados nesta quarta-feira (3) pelo IBGE.

A queda dos trabalhadores sem carteira seria benéfica se houvesse uma migração para a formalização, mas, segundo o IBGE, o grupo que cresceu – trabalhadores por conta própria e empregadores – é também majoritariamente informal. As duas categorias tiveram crescimento absoluto, mas viram suas rendas encolherem entre o trimestre encerrado em abril e igual período do ano passado.

“Temos a perda de emprego sem carteira e aumento de trabalho na forma de empregadores, que podem estar informais, e trabalhadores por conta própria, também não registrados. Ou seja, você pode estar revertendo esse trabalho com carteira em trabalhos informais”, afirmou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Renda do IBGE.

O país fechou o trimestre encerrado em abril com 36 milhões de trabalhadores com carteira assinada, queda de 1,5% em relação ao verificado em igual período de 2014 –552 mil pessoas perderam seus empregos no período. A queda dos sem carteira foi ainda maior, de 3,7%, e a quantidade absoluta fechou em 10,3 milhões. Foram 384 vagas fechadas no período.

Na ponta oposta, o contingente de trabalhadores por conta própria cresceu em 1,02 milhão de pessoas e atingiu 21,9 milhões – a alta em relação ao verificado um ano antes foi de 4,9%. A renda dessa categoria de trabalhador, que historicamente é mais baixa que a de quem tem carteira assinada, caiu 3,3% na comparação anual e ficou em R$ 1.429, contra R$ 1.757 do trabalhador formal.

Os empregadores, que são pessoas que empregam pelo menos uma pessoa, não necessariamente formal, também cresceram em quantidade e fecharam o trimestre em 4,03 milhões de pessoas, alta de 9%. Foram 333 mil pessoas que ingressaram na categoria que, no entanto, teve uma baixa de 0,8% na renda, que fechou em R$ 4.861.

Chefes de família

De acordo com Azeredo, o que pode estar ocorrendo é a migração para a autonomia dos demitidos no último ano e o ingresso de membros dessa família na fila do emprego. “Quando aquelas pessoas chefes de família perdem o emprego, ela volta ao mercado, em geral, como trabalhador por conta própria. Ela monta o próprio negócio, ainda que seja não registrado, para poder continuar com seu sustento”.

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