Boa parte dos analistas econômicos independentes viu a redução da Selic como uma antecipação injustificada do BC diante dos indicadores econômicos atuais e mais um desafio para o cumprimento da meta da inflação (4,5%) o IPCA acumulado em 12 meses já está em 6,87%. Mas não é essa a visão de representantes do comércio, indústria e trabalhadores.
O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PR), a Associação Comercial do Paraná (ACP) e a Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) avaliaram a medida como positiva. Na visão dessas instituições, foi uma aposta no consumo para reverter a desaceleração na geração do emprego formal e um sinal de que o governo federal, em especial a presidente Dilma Rousseff, finalmente "reconhece" a necessidade de controlar os gastos e substituir a âncora cambial pela fiscal no controle da inflação.
"Nesse novo caminho de política fiscal, vejo a possibilidade de a indústria recuperar a rentabilidade dos produtos exportáveis. Não acredito que a medida represente falta de autonomia do BC. Conheço o Tombini [Alexandre Tombini, presidente da instituição] e sua equipe e estou seguro de sua responsabilidade profissional", afirma o presidente da Fiep, Rodrigo Rocha Loures.
"Para o consumidor, que vai poder tomar crédito mais barato daqui um tempo, aquecendo o comércio, a medida é vantajosa. Assim como para o país, com a economia do pagamento de juros da dívida externa", avalia o assessor econômico da ACP, Roberto Zurk. "Quando o mercado confia no Banco Central sabe-se, mais ou menos, o que a entidade fará. Essa decisão inesperada deixou o mercado um pouco nervoso. Acredito que eles tenham mais informações que nós [consultores]. Agora é pagar para ver as próximas ações" pondera.
O economista Sandro Silva, do escritório regional do Dieese-PR, avalia que os riscos de aumento da inflação, e consequentemente dos custos de vida do cidadão, são pequenos. "Na minha opinião, os aumentos de juros para o controle da inflação eram ineficazes, porque grande parte dessa pressão está sendo causada não pela demanda, mas pela alta das commodities, com o aumento de alguns alimentos e também de tarifas que perderam subsídios, como a da energia elétrica aqui no Paraná. Acredito que essa crise mundial vá sim baixar o preço das commodities, aliviando a pressão inflacionária de boa parte dos países, inclusive do Brasil."