Parte da inflação dispersa e persistente dos últimos anos se explica pelo fato de que o crescimento da demanda em muitos casos não teve uma contrapartida pelo lado da oferta. Sinal disso é a forte alta dos serviços, que ficaram em média 8,75% mais caros em 2013.
Esse grupo de despesas, que é responsável por um terço do IPCA, acumula altas acima da média desde 2010, quando o Brasil registrou queda na taxa de desemprego de 8,3% para 6,7%. "Os preços inflados dos serviços são uma característica de um cenário próximo do pleno emprego", explica o professor de Economia da UFPR Marcelo Curado.
O grande problema é que, com um mercado de trabalho apertado, os salários subiram, mas a produtividade não acompanhou a mesma escalada. Enquanto as remunerações cresceram, em média, 8% no ano passado, a produtividade subiu perto de 1%. "Há um desequilíbrio e, com isso, um aumento desenfreado no preço de alguns serviços", explica o professor de Economia da Universidade Positivo, Lucas Dezordi.
Com isso, a demanda pelos serviços também cresce acima da oferta. A professora particular de inglês Mariana Capisco sentiu na pele este fenômeno. Ela explica que a demanda pelo curso que ela trabalha praticamente dobrou nos últimos anos. "Trabalhava numa escola e vi que poderia ganhar mais, com mais autonomia dando aulas particulares. Há uns anos, não existia um mercado tão grande", comemora. Somente em 2013, de acordo com o índice oficial da inflação, as aulas de idiomas ficaram 10% mais caras.