Entidades criticam decisão de manter Selic e defendem redução
Entidades representativas da indústria e de trabalhadores do setor financeiro criticaram a decisão do Comitê de Política Monetária de manter a Selic, taxa básica de juros da economia, em 11% ao ano, pela terceira vez consecutiva. A Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Federação da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp) e a Confederação Nacional de Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) defendem redução da taxa.
Fundos mantêm liderança sobre poupança com Selic a 11%
Com a decisão do Banco Central de manter o juro básico em 11% ao ano os fundos de renda fixa continuam ganhando da poupança na maioria dos cenários desenhados, considerando prazos de resgate e valores de taxas de administração distintos. A estimativa é da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).
Mesmo com o leve aumento da Taxa Referencial (TR) média, que compõe a remuneração da poupança, para 0,06 ponto percentual em setembro, a caderneta perde para os fundos de renda fixa que têm taxa de administração até 1,5% ao ano, independentemente do prazo de resgate dos recursos.
A caderneta ganha dos fundos que têm taxa de administração de 2% ao ano quando o resgate for feito em até seis meses. E empata quando o prazo é de seis meses a um ano. Acima desse prazo, é desvantajosa.Nos fundos com taxa de administração de 2,5%, o rendimento da poupança é maior quando o resgate é feito em até dois anos. Com mais de dois anos, há empate.
Quando a taxa de administração sobe para 3% ao ano ou mais, a caderneta rende mais que os fundos em qualquer prazo de resgate. Vale destacar que, ao longo de 2013, os fundos de renda fixa que têm em sua carteira títulos públicos prefixados -cuja taxa de retorno é definida no momento da compra- foram prejudicados pelo aumento do juro básico.
Muitos deles sofreram no ano passado com a chamada marcação a mercado, que atualiza diariamente o valor do título pela diferença entre a taxa de juro do momento e a de emissão do papel.
Mantega não se compromete a cumprir meta de superávit
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, não se comprometeu com o cumprimento da meta de superávit primário em 2014, de R$ 99 bilhões para todo o setor público. Em entrevista concedida nesta quarta-feira (3) à Globonews, o ministro destacou que o governo tem feito primários há muito tempo, mas que este ano a situação está mais difícil. "Mas faremos um primário, estaremos sempre no positivo, com alguma poupança, mas nós também temos que fazer correção de rota", disse.
- Consórcios assinam contrato para montagem de Angra 3
- Bovespa fecha em leve queda após sessão volátil, ação da Petrobras cai 2,5%
- Petrobras declara comercialidade de 3 áreas do pré-sal
- Sobe risco de déficit de energia no Sudeste/Centro-Oeste
- Brasil lança US$1 bi em reabertura de bônus com vencimento em 2025
- TCU aprova edital do 4G, com ressalvas
O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu por unanimidade, nesta quarta-feira (03), manter a taxa Selic em 11% ao ano. Foi a terceira manutenção seguida do juro básico, após uma sequência de nove altas, iniciada em abril do ano passado. A decisão já era aguardada pelo mercado, devido à economia fraca, após dois trimestres seguidos de queda do Produto Interno Bruto (PIB). De acordo com o IBGE, o PIB brasileiro caiu 0,6% no segundo trimestre na comparação com os três primeiros meses deste ano. Em relação ao segundo trimestre de 2013, a economia do país encolheu em 0,9%.
INFOGRÁFICO: Veja a evolução da taxa Selic desde 2013
O resultado do primeiro trimestre também foi revisado para queda de 0,2% (contra alta de 0,2% informado anteriormente). Isso, segundo alguns economistas, coloca o país em um quadro de recessão técnica.Os juros altos estão entre os motivos apontados para o baixo nível de investimentos por parte da iniciativa privada. No segundo trimestre, por exemplo, os investimentos em máquinas para a produção, transporte, agropecuária, energia, entre outros, e em construção civil tiveram forte retração de 5,3%.
O próximo encontro do Copom está marcado para 28 e 29 de outubro, logo após a data marcada para o segundo turno das eleições.A maior parte dos economistas vê a estabilidade no juro básico até o fim de 2014, pelo menos. Levantamento feito pela Bloomberg mostrou que a manutenção era a aposta de 53 dos 54 economistas ouvidos -apenas um via corte de 0,25 ponto percentual, o que levaria a Selic a 10,75% ao ano.
A avaliação se baseia no enfraquecimento da economia e no alívio recente na inflação, apesar de os preços ainda permanecerem pressionados em 12 meses. O IPCA, índice oficial da inflação no país, ficou em 0,01% em julho, ante 0,40% no mês anterior. Em 12 meses, porém, alcançou 6,50%, exatamente o teto da meta estabelecida pelo governo, que é de 4,5% ao ano, com margem de dois pontos para cima ou para baixo.
De acordo com a versão mais recente do relatório Focus, do Banco Central, as instituições financeiras consultadas pela autoridade esperam que o índice oficial de preços no país tenha alta de 6,27% em 2014.A Selic é um instrumento usado pelo governo para conter o consumo, uma vez que o crédito (tanto empréstimos em instituições financeiras quanto parcelamentos em lojas, por exemplo) fica mais caro/barato, conforme os juros sobem ou descem.
Perspectivas
Analistas ouvidos pela reportagem descartam novas elevações -ou cortes- na Selic até o final deste ano. O economista Flávio Combat, da Concórdia Corretora, avalia que "o mais provável é que o BC promova um novo aperto monetário em 2015, tendo em vista o conjunto de preços que terão de ser ajustados (gasolina, energia elétrica, tarifas de transporte) e o seu impacto inflacionário". Assim, Combat projeta que a Selic estará em 12,25% ao ano no fim de 2015.
O comitê de acompanhamento macroeconômico da Anbima manteve a mediana de projeções para a Selic em 12% para o final de 2015. "Foi considerada a possibilidade de que um ambiente de maior confiança entre os agentes econômicos, sobretudo em função de indicativos de uma política fiscal menos expansionista, possa reduzir a necessidade de elevação de juros", indica, em relatório.
No entanto, ressalta, não há consenso em relação às estimativas, que variam de 11% a 13%, o que, de acordo com o comitê, "indica o grau de incerteza dos analistas quanto à trajetória dos juros em um contexto de baixo crescimento e de pontos ainda por serem esclarecidos em relação aos próximos passos da política econômica".
Falta de termo em nota deixa cenário indefinido
Na última ação de política monetária antes do primeiro turno da eleição presidencial,a grande novidade da noite se deve à retirada da expressão "neste momento", que constava nas edições de maio e julho do comunicado do BC. Com esta mudança, analistas do mercado financeiro especulam agora sobre a possibilidade ou não de mudanças na Selic nos próximos meses, em um cenário ainda indefinido.
A opção do BC pela estabilidade se dá em um quadro de recessão técnica, com dois trimestres seguidos de retração econômica, e inflação ainda em patamar elevado em 12 meses, no teto da meta perseguida pelo BC de 6,5%. O veredicto do colegiado, dado esta noite, foi mais uma vez unânime e seguiu à risca o script aguardado pelo mercado financeiro. As 84 instituições consultadas pelo AE Projeções projetaram que a taxa ficaria inalterada nesta reunião. O próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) está marcado para 28 e 29 de outubro, logo após o segundo turno das eleições.
O comunicado divulgado pelo grupo após a decisão foi o seguinte: "Avaliando a evolução do cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 11,00% a.a., sem viés."
Com a retirada da expressão, o BC deixa claro que o momento é de esperar para ver os próximos desdobramentos econômicos. A instituição se fia, por exemplo, em algum progresso na área de crédito que possa surgir com as medidas determinadas ao final de julho e também no início de agosto. A autarquia desmontou todo o arsenal macroprudencial construído em dezembro de 2010. Fez ajustes no recolhimento do compulsório, que é uma reserva que os bancos precisam deixar no BC, e até determinou para essas instituições, de maneira informal e por meio de ferramentas técnicas, uma meta de crescimento de 20% do crédito para automóveis em relação ao primeiro semestre de 2014.
A reunião desta noite tornou-se, então, a quarta seguida em que o juro está no patamar de 11%. A última vez que isso ocorreu foi de outubro de 2012 a março de 2013, quando a Selic ficou estacionada em 7,25% ao ano. Pelo levantamento feito pelo AE Projeções, será um longo caminho que a Selic percorrerá no atual patamar. Para 73 de 80 instituições financeiras, este ano se encerrará com a taxa em 11% - as demais acreditam em alguma alta (de diferentes magnitudes) até dezembro.
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast