A inflação veio pior do que se imaginava em novembro e deve continuar em alta em dezembro. Chama a atenção o fato de ela estar bastante difundida (a maioria dos preços subiu em novembro), deixando para o ano que vem uma herança que já aponta para o descumprimento da meta mais uma vez.
O comportamento dos preços está provocando um debate quente a respeito da tendência para os juros em 2016. O Banco Central tem dado a entender que elevará as taxas de juros, hoje em 14,25% ao ano, no início do próximo ano para reafirmar seu compromisso com o controle de preços. Em tese, juros maiores acelerariam a condução do IPCA para a meta de 4,5% (hoje, o mercado acredita que isso só seja possível em 2018).
Muita gente, inclusive no mercado, vê como um exagero mais uma alta nos juros. Com a economia em recessão longa e profunda, o ganho no controle de preços perderia de longe para a perda em atividade econômica. Um bom argumento nessa linha é que, com a inflação projetada para 2016 menor do que neste ano (fala-se em 7%, contra quase 11% em 2015), a taxa real de juros (a básica menos a inflação) naturalmente ficaria na casa dos 7% ao ano, facilmente a maior do mundo.
Pesa pela alta dos juros o fato de o Banco Central ter perdido parte de sua credibilidade. Apertar um pouco mais a política monetária seria uma forma de controlar as expectativas para, em seguida, promover uma revisão de sua política.
O dilema não é de fácil solução. É melhor uma dor maior agora para uma melhora mais rápida? Ou esperar o ciclo atual de aperto dar resultado em um prazo maior, com ajuda da recessão?A resposta seria bem mais simples se o ajuste fiscal tivesse funcionado e contribuído para segurar a expectativa de inflação para os próximos dois anos.
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