O Banco Central da Grécia fez um apelo nesta quarta-feira (17) para que o país chegue a um acordo com os credores internacionais para evitar um calote de 1,6 bilhão de euros no fim do mês.
Em comunicado enviado ao Parlamento e ao governo, o Banco da Grécia afirma que a falta de um acordo pode levar o país a uma “crise incontrolável, com grandes riscos para o sistema bancário e a estabilidade financeira”.
A Grécia negocia com o BCE (Banco Central Europeu) e o FMI (Fundo Monetário Internacional) o desbloqueio da parcela de 7,2 bilhões de euros do pacote de socorro externo ao país para evitar um calote de 1,6 bilhão de euros.
Uma reunião crucial ocorre nesta quinta-feira (18) entre os ministros de Finanças da zona do euro. A falta de um acordo neste encontro pode ser o passo decisivo para uma eventual saída da Grécia do grupo da moeda única. “Uma saída do euro só agravaria um ambiente já adverso, com a crise cambial aguda seguida de uma inflação crescente”, diz o BC grego.
O banco ressalta que é “imperativo” acreditar em uma solução para evitar uma “profunda recessão”. “Um novo acordo é de extrema importância para afastar os riscos imediatos para a economia, reduzir a incerteza e garantir perspectiva de crescimento sustentável para a Grécia”, afirma o comunicado. Um calote no FMI teria consequências imediatas na operação dos bancos gregos, sobretudo em relação a uma possível onda de saques por parte de poupadores.
Na terça-feira (16), o primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, afirmou que o FMI tem responsabilidade “criminal” pela situação econômica do país. Num discurso a aliados no Parlamento, Tsipras disse que os credores querem “estrangular” e “humilhar” a Grécia. O premiê, do partido de esquerda Syriza, foi eleito em janeiro com a bandeira contra a política de corte de gastos adotada pelo governo anterior, de centro-direita.
Até agora, os líderes europeus não chegaram a um consenso com Atenas porque cobram medidas de austeridade consideradas inviáveis pelo governo de Tsipras. Em troca da liberação da verba, as lideranças europeias e o FMI cobram de Tsipras, entre outras coisas, corte em despesas da Previdência, além do aumento de impostos no setor elétrico.
Nos últimos cinco anos, a Grécia recebeu um socorro de 240 bilhões de euros do FMI e do BCE para evitar uma falência estatal -em troca, o então governo de centro-direita assumiu compromissos de austeridade fiscal. O país até indicou uma recuperação econômica no fim de 2014, mas o desemprego continua o mais alto da Europa, 25%, e a dívida pública ronda os 175% do PIB (era de 129% em 2009) em um país cuja economia encolheu 25% nos últimos cinco anos.
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