Medidas preventivas de órgãos reguladores e a cautela exibida por bancos desde o final de 2008 fizeram o sistema financeiro brasileiro sair da crise ainda mais forte, avaliou o Banco Central, que vê o setor pronto para voltar a crescer.
A conclusão faz parte do Relatório de Estabilidade Financeira sobre o primeiro semestre deste ano, divulgado nesta sexta-feira (30).
"O sistema financeiro brasileiro, que demonstrou elevado nível de resiliência durante a crise, já sinaliza o início de novo ciclo de expansão do crédito", diz trecho do relatório.
No documento, o BC admitiu que, com o aprofundamento da crise e a forte migração de recursos para grandes bancos, considerados mais sólidos, "um pequeno conjunto" de instituições de menor porte começou a enfrentar riscos de insolvência.
No entanto, em resposta a medidas emergenciais do BC e do Conselho Monetário Nacional (CMN), como a criação do Depósito a Prazo com Garantia Especial (DPGE) e a instituição dos depósitos a prazo com garantia especial do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), a situação se normalizou.
"Ao final do primeiro semestre, mesmo o conjunto formado pelas instituições mais impactadas pela crise já se encontrava em situação confortável para enfrentar o risco de liquidez e as situações de estresse estimadas", acrescentou o relatório.
Simultaneamente, a postura mais cautelosa dos grandes bancos, aumentando o rigor na concessão de novos empréstimos, acabou elevando sua posição de liquidez.
Com isso, o nível de proteção do capital do sistema, medido pelo Índice de Basileia, avançou de 17,7% em dezembro de 2008 para 18,4% em junho de 2009.
O BC considerou também que a geração de quase R$ 20 bilhões de lucro líquido na primeira metade deste ano, mesmo num momento de forte turbulência internacional e de fraca atividade econômica no país, demonstrou a capacidade de rentabilidade do sistema bancário brasileiro.
A autoridade monetária avaliou também que a baixa alavancagem do sistema, comparada em nível internacional, e a existência de margens nos níveis de liquidez e de capitalização possibilitam a continuidade do processo de expansão do crédito sem que haja necessidade de aportes de capital.
"A implementação dessas iniciativas representa a perspectiva de horizonte favorável ao sistema bancário brasileiro nos próximos anos", avalia o documento.
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