O ministro da Fazenda, Guido Mantega, criticou a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e declarou que as instituições financeiras privadas têm condições de reduzir os juros e os spreads bancários. "Os bancos privados têm margem para reduzir taxas e aumentar o volume de crédito", afirmou Mantega a jornalistas ao chegar à sede do ministério na manhã desta quinta-feira.
O ministro comentou a posição da Febraban que, ao invés de trazer soluções, fez cobranças e jogou "nas costas do governo" a responsabilidade pelo alto spread bancário no País. "Não vamos deixar a falta de crédito frustrar o crescimento da economia", acrescentou, dizendo que a expansão brasileira está sólida, a inflação em baixa e os consumidores têm vontade de consumir.
Segundo ele, ocorre, porém, a retenção de crédito por parte dos bancos privados. Mantega citou ainda que a taxa de captação das instituições financeiras é de 9,75% ao ano, mas os empréstimos são feitos a taxas de 30%, 40% até 80% ao ano. "Essa situação não se justifica."
Mantega rebateu as afirmações da Febraban de que são necessárias mudanças jurídicas para tornar possível a queda dos spreads bancários. O presidente da entidade, Murilo Portugal, esteve em Brasília na terça-feira e informou ter apresentado ao Ministério da Fazenda mais de 20 propostas de redução do spread, como a criação de produtos financeiros e alterações para redução do custo da inadimplência.
O ministro lembrou que a legislação brasileira avançou muito como na Lei de Falências, na questão da alienação fiduciária e na aprovação do Cadastro Positivo. Em relação a este último item Mantega foi irônico, ao afirmar que os bancos prometeram reduzir os juros, após a aprovação do cadastro, mas isso não ocorreu. Disse ainda que a lista de bons pagadores "está regulamentada e já está valendo". Ponderou, contudo, que há uma agenda permanente no governo de aprimoramento das normas relativas ao crédito.
A lucratividade dos bancos brasileiros está entre as maiores do mundo, mencionou Mantega, completando que, na avaliação do governo, isso é bom, embora esse lucro tenha de estar relacionado ao aumento do crédito. Ele falou da atuação dos bancos públicos que, desde 2009, cortaram suas taxas de juros, aumentaram o crédito e, ao mesmo tempo, registraram índices de inadimplência menores do que os do setor privado. "Os bancos públicos estão agindo. Gostaria que os privados também estivessem participando disso."
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast