Opinião
Questão de respeito
Na Praça Carlos Gomes, centro de Curitiba, com o carro de som no volume máximo, um exaltado sindicalista exigia ontem à tarde, da direção da Caixa Econômica Federal, respeito ao movimento grevista que paralisou, há 15 dias, boa parte das agências bancárias paranaenses. Respeito, enfatizava ele, à decisão soberana da assembleia que decidiu pela paralisação
Depois de duas semanas de greve dos bancários, as negociações entre a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) e os representantes dos trabalhadores foram retomadas na noite de ontem. A expectativa dos sindicalistas era de que os bancos apresentassem uma proposta de aumento real de salário (acima da inflação) e de Participação nos Lucros e Resultados (PLR) capaz de levar a um acordo. Até o fechamento desta edição, às 21h30, a reunião não havia terminado. No caso de uma proposta da federação, assembleias regionais devem ser realizadas em todo o país hoje para avaliação da categoria. A greve entra no 15.º dia. A reunião iniciada ontem foi a sétima da campanha 2009, e a segunda depois a deflagração da greve. As negociações começaram em 18 de agosto. O lado patronal apresentou sua primeira contraproposta à reivindicação dos trabalhadores no dia 17 de setembro. Na última reunião, na quinta e sexta-feira da semana passada, a Fenaban não apresentou nova proposta para a categoria. A única oferta de reajuste salarial foi de 4,5%, o que apenas repõe a inflação, além de redução da PLR em relação ao 2008."Não tem a menor possibilidade de encerrar essa greve sem aumento de salário e com redução de PLR", disse o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), Carlos Cordeiro, antes da reunião.
Segundo a Contraf, a paralisação manteve fechadas ontem mais de 7 mil das 30 mil agências existentes no país.
"Não estimamos o porcentual de adesão da categoria, porque o número de trabalhadores por agência varia de 5 a 30 bancários", explica Cordeiro. Segundo ele, o movimento atinge tanto bancos públicos quanto privados, e é mais forte nas regiões metropolitanas.
Em Curitiba, os bancos que tinham mais agências fechadas ontem eram o Itaú (68 agências), o Banco do Brasil (67) e a Caixa Econômica (51). Cerca de 13,3 mil bancários estavam em greve na capital e na RMC.
O Paraná tinha 573 agências fechadas e 17,6 mil trabalhadores teriam aderido ao movimento, de acordo com o levantamento da Federação dos Trabalhadores no Ramo Financeiro (Fetec-PR).
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Interatividade Os bancos demoraram muito para retomar as negociações e buscar um acordo com os grevistas?
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