O Banco Central avaliou, no Relatório Trimestral de Inflação, divulgado nesta segunda-feira (29), que a crise das hipotecas de segunda linha (subprime), que atingiu não apenas o mercado imobiliário, mas também o mercado financeiro e de crédito dos Estados Unidos, está "longe de uma solução".
Segundo o BC, a crise, além de provocar desdobramentos sobre os sistemas financeiros de outros países, principalmente dos países europeus, mostra indícios de que terá repercussões severas sobre a economia global. "Os prejuízos declarados até o momento por instituições financeiras atingem cifras vultosas, e novas perdas significativas são esperadas", destaca o relatório.
Na avaliação do BC, as perspectivas para a economia global devem se deteriorar ainda mais. "Após um período em que a crise aparentemente dava sinais de que havia chegado a um ponto de inflexão, é plausível supor que as perspectivas para a economia global se deterioraram ainda mais desde a publicação do último relatório", diz o documento.
Segundo o BC, a Europa, cujo setor real parecia, em um primeiro momento, apresentar certa resistência à crise, também sofre os seus efeitos com perspectivas mais pessimistas para o crescimento mundial em 2008 e 2009. "De fato, sinais de forte desaceleração econômica, que podem eventualmente culminar em recessão, emergiram nas economias alemã, inglesa e espanhola", afirma o BC.
Europa
O BC ressalta no relatório que, apesar de a crise do subprime ter se originado nos Estados Unidos, até o momento, há sinais de que a economia européia estaria sendo mais duramente afetada do que a própria economia americana. O BC observa que a economia dos Estados Unidos apresentou crescimento não desprezível no primeiro semestre, após ter crescido em 2007. Mas pondera logo em seguida que a expectativa de recessão em futuro próximo ganha força. Os indícios mais fortes, diz o BC, parecem vir do mercado de trabalho, que reflete de maneira clara o menor nível de atividade econômica, com forte aumento da taxa de desemprego, piorando ainda mais a confiança do consumidor e contribuindo de forma importante para deprimir o dispêndio.
Japão e China
O BC faz questão de ressaltar ainda que o Japão, que não parecia ter sido seriamente afetado pela crise financeira - em especial pelo intenso comércio com os demais países da região - apresentou forte retração econômica no segundo trimestre.
Já em relação à China, a autoridade monetária diz que surgiram sinais de desaceleração no país emergentes. Segundo o BC, esses sinais são ainda incipientes. Para o BC, não está claro, no entanto, se os sinais são decorrentes de fatores pontuais, associados, por exemplo, a eventos climáticos ou às Olimpíadas, ou se realmente antecipam uma tendência.
Commodities
O relatório observa ainda que a redução dos preços das matérias-primas (commodities) deve contribuir para amenizar a tendência de desaquecimentos nessas regiões. Para o BC, a queda do preço das commodities internacionais pode reduzir o dilema enfrentado pela autoridade monetária de diversos países, que têm enfrentado alta dos preços e, ao mesmo tempo, economia desaquecida.
"A queda recente do preço das commodities pode contribuir de maneira importante para mitigar o dilema de política econômica enfrentado por vários bancos centrais, especialmente em países que são importadores de matérias-primas, onde inflação e atividade econômica têm andado em sentidos opostos", cita o documento.
O BC destaca o caso específico das matérias-primas não negociadas em bolsas. "É importante mencionar que matérias-primas não negociadas em bolsa, como o minério de ferro continuam com seus preços bastante pressionados, sugerindo que as quedas recentes nos preços das commodities talvez tenham sido exageradas pelo movimento de fechamento de posições por parte de investidores financeiros", cita o documento. Para os diretores do BC, isso indica que o quadro de desaceleração da economia global pode ter sido "superestimado".
Com relação à inflação global, a queda das commodities, em especial do petróleo, "parece indicar que a inflação mundial, ainda que continue bastante elevada, já teria atingido seu ápice.
- Paulson: quebra do Wachovia provocaria risco sistêmico
- No aguardo do pacote, dólar dispara e supera patamar de R$ 1,90
- EUA aprovam empréstimo de US$ 25 bi a montadoras
- Citigroup irá adquirir operações bancárias do Wachovia
- Bush diz que pacote de resgate financeiro é vital para evitar que crise se espalhe
- Governos europeus injetam 11 bi de euros no Fortis
- Brasil nunca teve situação econômica tão sólida como agora, reafirma Lula
- FMI pede plano de resgate na Europa
Fim do ano legislativo dispara corrida por votação de urgências na Câmara
Boicote do agro ameaça abastecimento do Carrefour; bares e restaurantes aderem ao protesto
Frases da Semana: “Alexandre de Moraes é um grande parceiro”
Cidade dos ricos visitada por Elon Musk no Brasil aposta em locações residenciais
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast
Deixe sua opinião