O Banco Central reforçou sinais de que o ciclo de aumento dos juros básicos está perto do fim, na ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta quinta-feira (6). A autoridade monetária afirma que o cenário de convergência da inflação para a meta em 2016 se fortaleceu, mas deixou a porta aberta para novas altas.
O início do aperto dos juros foi em outubro do ano passado. Dois dias após a reeleição da presidente Dilma Rousseff, a autoridade monetária fez o primeiro aumento da Selic, que estava em 11% ao ano. De lá para cá, foram sete altas consecutivas — cinco só em 2015 – até chegar ao patamar atual: o maior desde agosto de 2006, quando também era de 14,25% ao ano.
Toda essa carga de juros tem um objetivo: conter a inflação que ficou descontrolada. As estimativas do mercado mostram que a inflação medida pelo IPCA, índice oficial, deve chegar a 9,25% este ano, percentual que equivale a mais que o dobro do centro da meta que autoridade monetária tinha de cumprir em 2015, de 4,5%, com margem de tolerância de dois pontos percentuais.
O Banco Central avisou que só cumpriria a sua tarefa no ano que vem. No entanto, o mercado também não acredita. A previsão para o IPCA é de 5,4% em 2016.
A reunião da semana passada teve um componente extra de tensão. O diretor de Assuntos Internacionais do BC, Tony Volpon, que teria antecipado a analistas de mercado e à imprensa seu voto desta quarta-feira, não participou da votação.
Ele decidiu se abster para evitar possíveis prejuízos à imagem do Banco Central numa “decisão em caráter pessoal e irretratável”, conforme justificou o diretor em comunicado dirigido ao presidente do banco, Alexandre Tombini, antes do início da reunião.
“Os membros do Comitê compreenderam a decisão. Em reunião extraordinária realizada em 28 de julho, a Diretoria Colegiada já havia acolhido os esclarecimentos quanto ao teor de recente declaração pública de Volpon “, diz ainda a nota do BC.
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