O Banco Central interrompeu a sequência de sete altas e manteve nesta quarta-feira (2) a taxa básica de juros (Selic) em 14,25% ao ano, conforme esperado pelo mercado. Declarações de autoridades do próprio Banco Central já apontavam para a manutenção da taxa. Em agosto, Luiz Awazu Pereira, diretor de Política Econômica do BC, afirmou que a taxa básica deve ficar no patamar atual por período “suficientemente prolongado”.
INFOGRÁFICO: acompanhe a evolução da taxa Selic ao longo dos últimos anos
A inflação, preocupação maior do BC, deve começar a ceder no terceiro trimestre do ano. O IPCA acumulado em 12 meses até julho foi de 9,56%. Até o fim de 2015, economistas ouvidos na pesquisa Focus, do Banco Central, veem o índice oficial em 9,28%. Em 2016, a estimativa é que o IPCA termine em 5,51%.
Já a Selic deve encerrar 2015 em 14,25%, de acordo com o Focus. Para o próximo ano, porém, a expectativa é que a taxa básica recue para 12%.
No entanto, a recente disparada do dólar eleva as possibilidades de que o Banco Central volte a elevar a Selic nas duas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária do BC (Copom) do ano, em outubro e novembro. Desde julho, a moeda americana acumulou valorização de mais de 20%.
Ao elevar a Selic, o BC tenta conter o aumento dos preços, pois torna os empréstimos mais caros. Com isso, inibe o consumo, o que contribuiria para o controle da inflação. No entanto, com a perspectiva de que os sucessivos aumentos da Selic – foram sete até agora desde a reeleição da presidente Dilma Rousseff – comecem finalmente a afetar o IPCA, a autoridade monetária optaria por deixar a taxa em seu atual patamar.
Além disso, a desaceleração da economia preocupa. O país atualmente está em recessão, condição caracterizada por dois trimestres seguidos de queda do PIB. O indicador de produção industrial divulgado nesta quarta-feira reforçou o pessimismo em relação ao desempenho econômico ao mostrar forte queda de 1,5% na passagem de junho para julho.
No radar
A expectativa de economistas é que a Selic deve voltar a ceder no próximo ano, mas o ritmo da queda vai ser determinado pelo efeito da desaceleração da economia chinesa e a melhora do cenário fiscal brasileiro sobre a taxa de câmbio. “O cenário negativo das moedas emergentes com a China e a dinâmica recente do real/dólar ‘tiram força’ de recuo da taxa Selic no segundo trimestre de 2016. Nosso cenário base para a flexibilização monetária é de 12,5% até o final de dezembro de 2016”, disse Eduardo Velho, economista-chefe da gestora Invx Global.
A desvalorização do real em relação ao dólar é um dos fatores que pressionam a inflação, que só deve efetivamente convergir para o centro da meta a partir de 2017, afirma o economista do banco americano Goldman Sachs Alberto Ramos.