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"A combinação dos indicadores que têm saído com os acontecimentos financeiros recentes sugere que a perspectiva para o crescimento econômico piorou e que o risco de baixa no crescimento cresceram", apontou Bernanke | Mitch Dumke / Reuters
"A combinação dos indicadores que têm saído com os acontecimentos financeiros recentes sugere que a perspectiva para o crescimento econômico piorou e que o risco de baixa no crescimento cresceram", apontou Bernanke| Foto: Mitch Dumke / Reuters

O presidente do Federal Reserve, o banco central norte-americano, Ben Bernanke, sinalizou que o Fed poderá reduzir as taxas de juro de curto prazo, num cenário de reduções de pressões sobre os preços, de crise financeira e de perspectiva de debilidade econômica. "A combinação dos indicadores que têm saído com os acontecimentos financeiros recentes sugere que a perspectiva para o crescimento econômico piorou e que o risco de baixa no crescimento cresceram", enquanto que a perspectiva da inflação "melhorou um tanto", disse o presidente do Fed durante conferência da National Association for Business Economics.

Ele acrescentou que "à luz desses acontecimentos, o Federal Reserve precisará considerar se a posição atual da política monetária ainda é apropriada". Para Bernanke, "levando tudo em conta, a atividade econômica provavelmente ficará fraca durante o que resta deste ano e no próximo ano, e as tensões no setor financeiro podem muito bem prolongar o período de desempenho econômico fraco e fazer os riscos ao crescimento aumentarem ainda mais".

Bernanke também observou que os gastos do consumidor, ajustados à inflação, "se contraíram significativamente" desde maio, enquanto o enfraquecimento das vendas e o aumento da incerteza "também começaram a pesar mais nos investimentos".

O presidente do Fed disse ainda que "os esforços contínuos para estabilizar os mercados financeiros são essenciais" e que a instabilidade dos mercados e as queda dos preços dos ativos "podem ter um impacto pesado na economia mais ampla, caso deixados sem controle".

Inflação

Bernanke reconheceu que a inflação "tem estado elevada", mas ressalvou que a queda dos preços do petróleo, as expectativas estáveis quanto à inflação e a desaceleração da economia "devem levar a taxas de inflação mais consistentes com a estabilidade dos preços". O presidente do Fed ponderou que, embora a inflação nos EUA tenha sido "feia" nos últimos 12 meses, ela deverá moderar-se de maneira "bastante significativa" nos próximos meses. Ele ressalvou, no entanto, que ainda é cedo demais para declarar vitória, tendo em vista a volatilidade dos preços das commodities.

Com a inflação sendo uma preocupação menor, um crescente número de economistas de Wall Street esperam que o Fed corte sua taxa de juro básica no final deste mês, depois de cinco meses de pausa. A taxa dos Fed Funds está atualmente em 2%. Alguns economistas até mesmo prevêem que o Fed vai reduzir o juro para 1%, nível que não é visto desde 2003.

Referindo-se à crise financeira, o presidente do Fed disse acreditar que o setor privado deveria lidar por si mesmo com as dificuldades enfrentadas pelo mercado, quando possível, mas que "naqueles casos quando a estabilidade financeira é ameaçada, intervenções para proteger o interesse público podem muito bem ser justificadas".

Comentando a recente legislação que permite ao Fed pagar juros sobre as reservas bancárias, Bernanke disse que essa ferramenta permitirá "um controle melhor sobre a taxa dos Fed Funds (taxa de juro de curto prazo)", por estabelecer um piso para ela. "Vamos começar a exercer essa autoridade nesta semana", acrescentou.

Pacote de socorro

Sobre o programa do Departamento do Tesouro para comprar até US$ 700 bilhões em ativos problemáticos, Bernanke disse que o Tesouro "será um investidor paciente e provavelmente vai manter esses ativos por um período apreciável. Se o programa promover a estabilidade financeira, levando, em última instância, a um crescimento econômico mais forte e à criação de empregos, ele terá provado ser um bom investimento, para o benefício de todos".

Sobre as negociações para a aquisição do banco Wachovia, nas quais estão envolvidos o Citigroup e o Wells Fargo, o presidente do Fed disse que "em qualquer caso, o mais importante é que todos os depositantes e credores do Wachovia estão totalmente protegidos, e os depositantes e outros clientes não vão experimentar interrupções nos serviços bancários".

Bernanke disse também que os membros do Fed vão testar a nova taxa de juros sobre o compulsório bancário para encontrar o spread apropriado entre ela e a taxa dos Fed funds. O Fed inicialmente fixou a taxa para o compulsório em 75 pontos base abaixo da dos Fed Funds. As informações são da Dow Jones.

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