O presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), defendeu nesta sexta-feira o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, das críticas que vem recebendo dentro do partido pela valorização do real frente ao dólar e pela baixa velocidade na redução da taxa de juro.
Berzoini articula para que o Diretório Nacional do PT, que se reúne no sábado, defenda a política econômica, fazendo críticas pontuais e mostrando apenas apreensão com o câmbio e os juros, sem críticas que ameacem a posição de Meirelles e da diretoria do BC.
- Nós não vamos responsabilizar o presidente Henrique Meirelles nem a diretoria do BC pelas insatisfações conjunturais. Até porque, num balanço do que foi realizado até agora, a atuação do Meirelles e da diretoria do BC é altamente positiva para o país - frisou Berzoini.
Na última terça-feira, Berzoini havia criticado a política econômica e pedido ações do governo para conter a queda do dólar e acelerar a queda dos juros.
Logo depois da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, em 24 de janeiro, que reduziu em 0,25 ponto percentual a taxa básica de juro, o ex-ministro José Dirceu pediu a demissão de Meirelles por considerar que a decisão frustrava a expectativa de crescimento gerada pelo PAC.
O dólar já acumula queda de mais de 1 por cento em fevereiro e esta semana chegou ao menor nível em nove meses durante os negócios, a 2,08 reais. O forte fluxo de ingresso de recursos, em parte devido à taxa de juro atrativa, tem colaborado para o declínio acentuado do dólar.
Em defesa de Meirelles, Berzoini ressalvou que a decisão do Copom não foi unânime, pois parte do colegiado defendia um corte maior. A redução foi decidida por 5 votos a 3, com os derrotados querendo o corte do juro em 0,50 ponto percentual.
- Juros e câmbio são muito importantes e eventualmente precisam de ajustes, mas não garantem por si só o crescimento do país. Juros e câmbio não são fetiche para o PT - enfatizou.
Berzoini negocia com as diversas correntes do PT um texto para ser aprovado pelo diretório nacional, por consenso, " para demonstrar a unidade do partido''.
- A resolução vai apresentar a apreensão com o fato de que a taxa básica de juros e o câmbio devem considerar fortemente a necessidade de crescimento do país, mas esse não será o tema central do texto na avaliação sobre a conjuntura econômica - assegurou.