Em meio às palestras de games e tecnologia, a Campus Party abriu espaço para estimular um tipo de negócio virtual que normalmente não é associado ao universo nerd: moda e beleza. Nesta sexta-feira (24), blogueiras premiadas deram dicas de como começar um site, comercializar o serviço e vencer nesse nicho de mercado que começa a perceber que o Brasil passa por uma recessão econômica. Acredite, há até curso — online, claro — para ensinar como ser blogueira profissional.
Jéssica Belcost, de 27 anos, por exemplo, vende conteúdo para quem quer trilhar esse caminho. A primeira diretriz é encarar tudo como um trabalho e um negócio. Nada de se render aos tentadores brindes, principalmente, no ramo de moda e beleza. Receber produtos para que sejam feitas resenhas é rotina para as blogueiras, mas elas devem cobrar por isso.
“É o nosso trabalho. Não dá para trocar post por um shampoo ou convite para festa”, conta.
Ela diz ganhar muito mais hoje do que receberia como advogada se tivesse seguido a carreira. Começou no YouTube com dicas de “faça você mesmo”, mas viu que ganharia muito mais dinheiro com dicas de beleza e moda. Afinal, os grandes anunciantes de blogs são desses setores. Jéssica fez uma tabela de preços e diz que só deixa anunciar no “keepcalmdiy.com” se testar o produto antes e gostar.
Estratégias
No debate na Campus Party, homens atentos perguntavam sobre como gerar negócios com novas ferramentas e aplicativos como Snapchat (de vídeos) e até o Periscope (de transmissão ao vivo). Completamente desinteressados em dicas de belezas, queriam saber como que elas ganham dinheiro com isso. O conselho é vender pacotes aos anunciantes e fazer uma inserção nessas novas mídias mesmo que não haja como comprovar o número de visualizações (a grande moeda de um blogueiro).
As histórias das três mulheres que participaram das discussões são parecidas. Ane Medina, de 26 anos, terminava a faculdade de publicidade e era sub-gerente da maior loja do Boticário em Natal. Largou tudo quando o blog “eumaquio.com” decolou. Hoje, o ex-patrão é seu maior anunciante.
Ane conta que pesquisa bastante antes de compartilhar dicas e truques. Quando vai às semanas de moda em Londres ou Nova York, gosta mesmo de ficar no backstage para aprender novos métodos e conhecer novos produtos e técnicas.
“Tem muito blog, a concorrência é forte, mas os que vão ficar são os que geram conteúdo”, alerta a blogueira de Natal (RS).
Exposição
Entre perguntas sobre dinheiro, rotina e intimidade, as blogueiras contam que optaram por não expor as famílias e namorados nas redes sociais, mas avisam: fazer essa exposição é bom para atrair um público ainda maior. E pode ser um caminho para as novatas. Elas criticam — sem citar nomes — e também alertam que pode ter consequências incômodas para as pessoas próximas.
Ao lado de Ane e Jéssica, Sabrina Olivetti — uma das donas do “coisasdediva.com.br” contou algumas peripécias da vida de blogueira profissional. Disse que teve de montar uma rotina de trabalho em casa e que cumpre o horário comercial. Ganhou a simpatia do público quando explicou como lidar com o lado ruim do trabalho como, por exemplo, as críticas.
“Toda semana, eu recebia um comentário em um post dizendo que eu era feia. Com o tempo, aprendi a diferenciar o que é alfinetada e picuinha do que é uma crítica de verdade”, revelou Sabrina.
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