Apesar de viver um momento de crise, o mercado de videolocadoras está encontrando um novo ânimo com o crescimento da participação dos blu-rays. O novo formato não pode ser pirateado com a mesma facilidade do DVD, devido ao alto custo da mídia de gravação. Esse fator anima o setor, que nos últimos cinco anos viu o número de videolocadoras cair 60%, de acordo com dados da Associação Brasi­leira de Videolocadoras (ABV). Em compensação, o mercado de blu-rays tem crescido vertiginosamente, com a diminuição dos preços dos aparelhos para o consumidor. No ano passado, em todo o Brasil, as locadoras adquiriram 260 mil unidades para locação, contra apenas 19 mil em 2009.

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De acordo com o presidente da ABV e diretor de franchising da rede de locadoras 100% Vídeo, Carlos Augusto, o mercado teve seu auge em 2005. Mas, de 2006 a 2010, a curva de faturamento das lojas diminuiu na mesma velocidade do fechamento das locadoras. "Porém, para 2011 haverá uma reversão. Vamos recuperar o crescimento. Estamos projetando aumento de 8% no faturamento", afirma Augusto, acrescentando que em 2013 o segmento alcançará estabilidade, com a possibilidade de repor as perdas dos últimos anos.

Como exemplo de que as locadoras estão com intenção de investir neste filão, o presidente da ABV cita as lojas que estão com planos de se tornarem franquias de sua rede. "Em 2010 não tivemos nenhum pedido para aderir à bandeira do grupo. Com fortes investimentos no blu-ray e com retorno dos clientes às lojas, este número já é muito maior. Apenas nestes primeiros meses de 2011, 80 lojas em todo o Brasil entraram em contato para se tornar nossas franquias." No Paraná, a rede 100% Vídeo tem lojas em Londrina e em Ponta Grossa, e estuda a possibilidade de entrar no mercado de Curitiba.

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Virtuais

Os analistas do setor de videolocadoras estão, em geral, otimistas com a chegada das lojas virtuais. O presidente do Sindicato das Em­presas Videolocadoras do Estado de São Paulo (Sindemvideo), Luciano Tadeu Damiani, acredita que o volume de investimentos no mercado mostra que o setor de locação ainda pode ganhar força. "Como a locação virtual é legal, eles serão concorrentes. Já a pirataria, sendo ilegal, faz o nosso mercado diminuir. Essas grandes empresas vão acabar investindo em publicidade, e isso vai fazer com que essa mídia respingue também nas lojas físicas. Será um estímulo à locação", analisa.

De acordo com Damiani, porém, o foco das empresas virtuais será muito mais específico do que o das videolocadoras tradicionais. "Eles vão ganhar muito com os grandes filmes, aqueles conhecidos que chamam a atenção de todos. Mas aqueles filmes que são alugados hoje por causa da indicação de alguém não serão oferecidos, porque não vão dar retorno. É aí que ganhamos. Além do que, com o crescimento dos blu-rays, o mercado começa a se recuperar das perdas dos últimos anos", ressalta.

O proprietário da curitibana Vídeo 1, Luiz Renato Ribas, tem a mesma visão de Damiani. Para Ribas, incentivar o hábito de assistir a filmes, independente da mídia utilizada, traz ganhos para o setor. "Enquanto houver aparelhos de DVD ou de blu-ray, ainda haverá clientes de locadoras. Você não vai jogar o seu aparelho fora porque na internet é possível assistir ao filme", diz. "Pelo contrário, as pessoas terão reforçado o hábito de ver filmes. Além disso, a internet não vai pagar os direitos de filmes menores e por isso as pessoas vão sempre ter as locadoras como um apoio", analisa o dono da locadora, que é a mais antiga da Amé­rica Latina em atividade.

Segundo Ribas, 15% das locações atualmente são de blu-rays. "Alugamos a cada fim de semana dois mil filmes. Tem pessoas que ainda alugam filmes em VHS. As novas mídias acrescentam propostas e por essa razão as locadoras vão se recuperar. Tenho exemplo na minha loja, que recebe cerca de 300 cadastros por mês", salienta Ribas.

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