As concessionárias dispostas a investir em ferrovias consideradas gargalos logísticos ao desenvolvimento do país podem usufruir de isenção do juro básico (1,5% ao ano), pagando apenas o spread de risco (de 0,8 a 1,8% ao ano) e a TJLP. Em visita à sede da América Latina Logística (ALL), em Curitiba, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Demian Fiocca, lembrou dessa facilidade e disse que o banco tem dinheiro e quer financiar obras de infra-estrutura no Paraná. "Mas primeiro é preciso haver interessados no setor privado", ressaltou.

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As obras consideradas gargalos envolvem contornos municipais – uma das prioridades do prefeito Beto Richa para Curitiba –, acesso a portos e pontes. Em reportagem do dia 3 de setembro, a Gazeta do Povo enumerou seis obras ferroviárias prioritárias para o estado. A mais urgente seria um novo trecho entre Ipiranga e Guarapuava, estrada de ferro antiga que limita a capacidade de transporte de cargas, hoje de apenas 2 milhões de toneladas diárias. A obra, que poderia elevar o transporte para 6 milhões de toneladas por dia, chegou a ser estudada pela ALL no formato de Parceria-Público-Privada (PPP), mas foi deixada de lado. "No momento não há viabilidade econômica", disse o gerente financeiro da empresa, Carlos Moreira. A reportagem mostrou outras 15 obras prioritárias em rodovias, portos e aeroportos. O modelo de PPPs federais, considerado uma solução para a falta de novos investimentos, só foi usado uma vez até hoje, num trecho da BR-116, na Bahia.

"As empresas investem muito do portão para dentro, mas a competitividade só é plena quando a logística funciona do portão para fora", disse o diretor de infra-estrutura do BNDES, Wagner Bittencourt.

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Acionista

Esta foi a primeira visita do presidente e de quatro diretores do BNDES à ALL, empresa da qual o banco se tornou acionista após vender sua parte na Brasil Ferrovias – pela qual recebeu 12,8% das ações da ALL. "É bom ver o negócio de perto para ter uma percepção melhor", disse Fiocca. Os diretores da empresa de logística apresentaram seu plano de melhorias em vagões, locomotivas e trilhos para os próximos três anos, que consumirão cerca de R$ 1,5 bilhão e para o qual um novo empréstimo no banco já está em processo de aprovação.

O BNDES também detém 20,25% da fabricante de papel e celulose Klabin, que tem fábrica na cidade de Telêmaco Borba, próxima a Ponta Grossa. Foi a ela que o banco concedeu em março o quinto maior empréstimo de sua história, de R$ 1,7 bilhão. O dinheiro será usado na compra de uma máquina de papel mais moderna e ampliações.

O valor é superior a todos os outros financiamentos aprovados no Paraná em 2006, que somam R$ 1,6 bilhão, sendo a maior parte para projetos de infra-estrutura (R$ 620 milhões).

Depois da Klabin, os maiores empréstimos a empresas paranaenses foram contratados pela fabricante de bombas injetoras Robert Bosch, a montadora de máquinas agrícolas CNH, a usina de açúcar e álcool Santa Terezinha, a montadora Renault/Nissan e cooperativas agrícolas.

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