Acompanhando o mau humor dos mercados internacionais, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou hoje em queda de 0,82%, a 52.417 pontos, em meio às indefinições sobre a votação do orçamento do governo dos Estados Unidos.
O desempenho negativo do índice foi influenciado pela baixa de 13,04% dos papéis da OGX, petroleira de Eike Batista, para R$ 0,20 - menor valor histórico. A ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) rejeitou o pedido da OGX para que a companhia mantenha três campos de petróleo onde investimentos foram suspensos, em decisão que deverá forçar a petroleira a devolver mais áreas exploratórias à União.
Na esteira, outras companhias de Eike também fecharam o dia no vermelho: a MMX (mineração) caiu 9,02%, enquanto a LLX (logística) teve perda de 7,27%.
A desvalorização de 1,59% das ações mais negociadas da Vale, para R$ 31,39, também pesou contra a Bolsa hoje. O diretor-executivo de Ferrosos e Estratégia da Vale, José Carlos Martins, disse hoje que o mercado chinês ainda está "apertado" em termos de oferta de minério de ferro, durante um evento em São Paulo.
Em sentido oposto, as ações ordinárias (com direito a voto) da Usiminas lideraram os ganhos do Ibovespa, com alta de 3,84%, a R$ 11,35. Já os papéis preferenciais (mais negociados e sem direito a voto) da siderúrgica mineira ficaram na segunda colocação, com avanço de 1,97%, a R$ 11,41.
O Goldman Sachs reiterou recomendação de compra para a empresa, sinalizando que vê uma crescente valorização para as ações da Usiminas no curto prazo, por acreditar que os resultados no terceiro trimestre podem surpreender o mercado positivamente.
Pressão americana
Na segunda semana de paralisação do governo americano, democratas e republicanos ainda não chegaram a um acordo sobre a elevação do teto da dívida dos Estados Unidos, além da votação sobre o orçamento para o ano fiscal.
O impasse fez com que as Bolsas americanas fechassem hoje com perdas: o Dow Jones recuou 0,9%, enquanto o S&P 500 e o Nasdaq perderam 0,85% e 0,98%, nesta ordem. Na Europa e na Ásia os mercados também fecharam esta segunda-feira no vermelho.
A cautela dos investidores aumenta com a aproximação do dia 17 de outubro, data apontada como limite para que os EUA não deem calote em seus credores.
O pessimismo foi agravado após o presidente da Câmara dos Deputados americana, o republicano John Boehner, ter prometido nesta segunda-feira não elevar o teto da dívida do país sem uma 'discussão séria' sobre o que está guiando a dívida.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em visita à agência federal responsável pelo combate a emergências, ressaltou a perda de serviços público em consequência da paralisação do governo e cobrou do Congresso a reabertura e a elevação do teto da dívida imediatamente.
"O mercado tem que lidar com essa situação nova. Havia o risco da paralisação do governo dos EUA, mas era difícil acreditar que o orçamento americano não seria aprovado. Depois que aconteceu, as análises iniciais eram de que a situação seria breve, mas não estamos vendo sinalizações de que republicanos e democratas estejam entrando em acordo", diz Carlos Müller, analista-chefe da Geral Investimentos.
Para ele, alguns investidores preferem aguardar fora do mercado até que a situação melhore, por isso o volume financeiro negociado na Bolsa tem sido "mais fraco" recentemente. Hoje, o giro foi de R$ 4,81 bilhões -bem inferior à média diária de setembro, de R$ 7,15 bilhões, e de agosto, de R$ 8,50 bilhões.
Câmbio
No câmbio, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou o dia praticamente estável, com leve alta de 0,03% em relação ao real, cotado em R$ 2,204 na venda. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, caiu 0,09%, a R$ 2,209.
"O dólar tende a flutuar nessa banda entre R$ 2,20 e R$ 2,30. Sempre quando a moeda estiver nesse nível, o movimento vai refletir uma oscilação natural do mercado. É uma banda de equilíbrio. Apenas se cair para baixo de R$ 2,20 ou para cima de R$ 2,30 podemos dizer que houve uma novidade mais séria afetando a cotação", diz Fernando Bergallo, gerente de câmbio da TOV.
Para ele, os fundamentos econômicos do Brasil estão inalterados em relação ao que eram há alguns meses, por isso não há nada que justifique uma entrada maior de dólares no país suficientemente forte para fazer com que a moeda americana caia para baixo de R$ 2,20.
"Também não há motivos para que o dólar suba para além de R$ 2,30, pois o mercado já se ajustou ao avanço excessivo que teve na primeira metade do ano", diz Bergallo.O Banco Central realizou pela manhã um leilão de swap cambial tradicional, que equivale à venda de dólares no mercado futuro. A autoridade vendeu, ao todo, 10 mil contratos com vencimento em 5 de março de 2014, por US$ 497,8 milhões. A operação estava prevista pelo plano da autoridade para conter a escalada do dólar.
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