A Bolsa de Valores encerrou em alta de 0,19%, puxada por empresas do setor bancário, em dia de grande volatilidade no mercado financeiro. O Ibovespa, principal índice da Bolsa, encerrou o pregão com sua pontuação a 58.992, maior patamar desde o dia 5 de fevereiro de 2013. Na máxima intra-day, no entanto, o índice chegou a somar 59.207 pontos. A mínima foi de 58.558.
O volume financeiro negociado na Bolsa nesta quinta (21) somou R$ 6,391 bilhões.A Petrobras interrompeu a sequência de altas desta semana, obtidas com a especulação sobre um possível segundo turno nas eleições de outubro, e fechou em queda nesta quinta (21), limitando o avanço do Ibovespa.
As ações ordinárias da petroleira, que dão direito a voto, tiveram baixa de 0,49%, cotadas a R$ 20,02. Já os papeis preferenciais, de maior liquidez, caíram 0,18%, a R$ 21,32.
Para o analista chefe da SLW Corretora, Pedro Galdi, os preços das ações da petroleira subiram muito nos últimos dias e hoje sofreram com um movimento de realização de ganhos. "A Petrobras foi influenciada pelo cenário político e tem subido muito fortemente", diz, "Acabou 'criando gordura' com essas altas recentes".
Em dia de noticiário político pouco movimentado, parte dos investidores preferiu, então, vender as ações da companhia. A petroleira também tem sofrido com a repercussão negativa do processo para bloqueio dos bens da presidente da Petrobras, Graça Foster, que transferiu imóveis no Rio de Janeiro para parentes no início do ano.
Galdi afirma que esse movimento de realização na Bolsa poderá se repetir nos próximos pregões e afetar o desempenho do Ibovespa "A Bolsa 'esticou' muito e a qualquer momento poderá haver um ajuste".A alta do Ibovespa foi sustentada principalmente pelos ganhos do setor bancário.
As ações do Itaú Unibanco subiram 0,68%, a R$ 37,95, os papeis do Bradesco avançaram 1,59%, negociados a R$ 38,30, e o Santander subiu 2,97%, a R$ 15,58. Analistas acreditam que a alta não tenha sido sustentada pelas medidas do ministério da Fazenda para tentar ampliar a oferta de crédito em R$ 25 bilhões. Eles acreditam que a eficácia da política monetária será reduzida pela fraca demanda.
China
A Vale fechou o pregão em baixa nesta quinta (21), influenciada por dados industriais mais fracos relativos à economia chinesa.
O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) preliminar do HSBC teve o resultado mínimo ante os últimos três meses, indicando que a indústria da China pode estar desacelerando. O índice ficou em 50,3 em agosto, ante os 51,7 apurados em julho, quando houve a máxima dos últimos 18 meses. Um resultado acima de 50 indica expansão do setor, enquanto números abaixo sinalizam uma possível retração.
O dado afetou negativamente os papeis da Vale, já que a China é o principal mercado importador do minério de ferro produzido pela companhia. Hoje, a Vale exporta 150 milhões de toneladas do produto ao país por ano, mas pretende dobrar esse volume até 2018.
As ações ordinárias da mineradora recuaram 0,4%, a R$ 31,64, e as preferenciais caíram 0,38%, cotadas a R$ 28,18.
Dólar
A cotação do dólar seguiu em alta nesta quinta (21), de olho no discurso que a presidente do Federal Reserve (Fed), Janet Yellen, fará nesta sexta-feira (22).O dólar comercial, utilizado em operações do comércio exterior, encerrou o dia em alta de 0,22%, negociado a R$ 2,226. Por sua vez, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, registrou alta de 0,15%, a R$ 2,255.
Dados positivos na economia dos Estados Unidos também ajudaram a moeda americana a se valorizar. "Os pedidos de auxílio-desemprego, por exemplo, caíram mais do que o esperado", diz Galdi.
As solicitações do benefício recuaram em 14 mil, para 298 mil, segundo dados ajustados sazonalmente divulgados pelo Departamento do Trabalho. A semana tomada como referência para o estudo encerrou-se no dia 16 de agosto.
O indicador tem importância para o preço da moeda americana porque a ata do comitê de política monetárIa dos EUA, divulgada nesta quarta (20), atrelava mudanças na taxa de juros do país ao bom desempenho do mercado de trabalho e ao controle da inflação.Os integrantes do Fed, no documento, afirmam estar surpresos com a melhora nos índices do mercado de trabalho, mas ainda estão preocupados com a capacidade ociosa dos trabalhadores.
O pronunciamento de Yellen, portanto, poderá fornecer novas dicas aos investidores sobre quando e como as taxas básicas de juros dos EUA voltarão a subir."Isso [a alta do dólar] tem relação com a ata [do Fed], sendo que os mercados praticamente ignoraram as notícias da China e os PMIs da Europa", diz Newton Rosa, economista chefe da SulAmérica Investimentos.
Rosa se refere aos PMI industriais da zona do euro, divulgados nesta quinta (21). Trata-se de um indicador do crescimento da região e ficou aquém das expectativas dos analistas ouvidos em pesquisa da Reuters.O PMI composto do Markit foi de 52,8 em agosto, ante 53,8 em julho. O mercado esperava um resultado de 53,4.
Apesar do dado negativo, as principais Bolsas do continente europeu fecharam em alta, impulsionadas por dados do PMI da Alemanha, que indicaram crescimento do setor privado.
Empresas
A Natura liderou as altas no Ibovespa no pregão desta quinta (21). As ações da empresa têm se beneficiado da saída de Alessandro Carlucci da presidência da Natura, cargo que ocupou por dez anos.O mercado financeiro acredita que mudanças na gestão poderão trazer resultados melhores à Natura e, portanto, observam o sucessor, Roberto Lima de Oliveira, com bons olhos.
Os papeis da Natura subiram 3,87%, negociados a R$ 42,65. Antes de assumir o cargo, Oliveira já atuava no conselho de administração da companhia desde 2012.
A Companhia Brasileira de Distribuição (CBD), do Grupo Pão de Açúcar, por sua vez, teve uma das maiores quedas. As ações recuaram 1,36%, negociadas a R$ 111,39. "Houve uma alta forte nos últimos dias e o mercado está realizando o ajuste técnico", diz Galdi.
Leilões
Nesta quinta (21), o Banco Central realizou o leilão de 7 milhões de Letras do Tesouro Nacional (LTN) e 3 milhões de Notas do Tesouro Nacional -Série F (NTN-F). Todas as letras do Tesouro foram negociadas. Destas, 1,5 milhão têm vencimento em outubro de 2016 e juros médios de 11,59%. Outros 2,5 milhões de títulos atingem a maturidade em abril de 2015, com juro a 11,04%. Os 3 milhões restantes atingem a maturidade em julho de 2018 e juro de 11,81%. As letras ofertadas somam R$ 5,49 bilhões.
O BC também conseguiu propostas para todas as notas do Tesouro. Foram emitidos 2,5 milhões de papeis com vencimento em 2025 e taxa média de juros de 11,81%. Os 500 mil restantes têm maturidade em 2021 e juro de 11,72%. Juntas, as notas somam R$ 2,75 bilhões.
O BC também continuou com seu programa de intervenções diárias no mercado de câmbio, negociando 4.000 contratos com vencimento em setembro de 2015, no valor de US$ 197 milhões.
A autoridade monetária também rolou o vencimento de 10 mil contratos que devem vencer no próximo dia 1º, numa negociação que alcançou US$ 494,1 milhões.