A uma hora do fechamento do pregão, a Bovespa apagou as perdas registradas até então e passou a subir, graças à redução das quedas nas bolsas norte-americanas. Os investidores aproveitaram a desaceleração das quedas em Wall Street para ir às compras, principalmente de ações ligadas às commodities, ainda na esteira do pacotão chinês, anunciado domingo. O Ibovespa terminou a terça-feira em alta de 1,32%, aos 37.261,90 pontos. No mês, voltou a subir, apenas 0,02%, mas continua tendo queda no ano, de 41,67%. Por causa do feriado do Dia do Veterano nos EUA, o giro financeiro foi um pouco menor e totalizou R$ 3,354 bilhões. Os dados são preliminares. Às 18h42, o Dow Jones perdia 2,34% e o Nasdaq, 2,42%. As perdas mais cedo eram muito maiores, diante das notícias ruins que continuam pipocando nos Estados Unidos.
O mercado de câmbio doméstico operou com fraco giro financeiro e com o dólar à vista em alta durante toda a sessão. As cotações persistiram em terreno positivo por causa de ajustes à valorização externa do dólar em relação ao euro num ambiente de fortes quedas dos preços de commodities e das bolsas pelo mundo todo. No fechamento, o dólar à vista subiu 1,55%, a R$ 2,224 na BM&F; e 1,41%, a R$ 2,222 no balcão. ÀS 18h44, o euro perdia 1,63%, a US$ 1,2531.
Nesta terça-feira, a construtora Toll Brothers e a rede de cafeterias Starbucks divulgaram queda nos resultados trimestrais, enquanto a American Express ganhou rápida aprovação do Federal Reserve para se tornar uma holding bancária e, assim, poder ter acesso ao fundo de resgate do governo de US$ 700 bilhões. Já a Alcoa anunciou um corte maior da produção de aço. Tais informações reforçam a percepção de que a inclinação dos consumidores aos gastos está piorando. "Não parece que vai melhorar, não importa quanto dinheiro vão jogar nas financeiras", disse um operador, segundo a Dow Jones.
O setor automotivo ilustra bem os efeitos da crise na economia real. As montadoras norte-americanas estão enfrentando problemas severos que terão que contar com a mão estatal para serem solucionados. O ícone desta safra ruim é a General Motors e sua saúde financeira debilitada. Seus papéis foram cotados nesta terça no menor valor desde 1943 no intraday, a US$ 2,76. Além dela, os investidores também estão preocupados com as fabricantes de autopeças, que podem sofrer com a falta de caixa das montadoras e deixarem de receber em caso de concordatas.
O fato de as concordatas estarem se replicando também é um viés que contribui para manter esse clima de incerteza no ar. Ontem, a Circuit City pediu concordata e há uma grande chance de a GM fazer isso em breve. "Esse movimento tem que cessar para o dinheiro voltar ao mercado acionário", disse o gestor da corretora Umuarama Rafael Moysés.
Por trás desse quadro nebuloso, no entanto, estão as injeções de recursos por parte dos governos para tentar impedir uma recessão e trazer de volta a normalidade às economias. E na brecha que houve hoje, a notícia do pacote bilionário do governo chinês encontrou espaço para ecoar na Bovespa, especialmente nas ações ligadas às commodities. A blue chip Vale, que vinha caindo desde a abertura, virou para cima e fechou com ganhos de mais de 1%. As ON avançaram 1,25% e as PNA, 1,23%.
O diretor-executivo de Ferrosos da empresa, José Carlos Martins, esclareceu no final da tarde a mineradora desistiu de fazer um novo reajuste de 12% no minério vendido para siderúrgicas do Japão, Coréia e algumas da China, a partir de primeiro de setembro. A renegociação deveu-se ao novo cenário da economia mundial, com queda de demanda por produtos siderúrgicos. Os percentuais contratuais acertados em abril deste ano com reajustes entre 65% e 71% foram mantidos.
Gerdau PN subiu 6,3%, Metalúrgica Gerdau PN, 3,78%, CSN ON, 3,54%, Usiminas PNA, 0,08%.
Petrobras chegou a subir, mas não sustentou os ganhos. Caiu 1,84% a ON e 0,17% a PN. Depois do fechamento do mercado, a estatal divulga seu balanço trimestral, para o qual o mercado espera um lucro de R$ 9,5 bilhões, na média. Em Nova York, o contrato do petróleo para dezembro recuou 4,94% e fechou a US$ 59,33, o menor preço em 19 meses.
O setor elétrico também esteve na ponta de ganhos. Eletrobrás ON subiu 10,51% e PNB, 9,91%, respectivamente segunda e terceira maior alta do Ibovespa. A empresa vai divulgar hoje seu balanço trimestral e os analistas ouvidos pela AE estimam lucro líquido de R$ 1,511 bilhão no período, revertendo um prejuízo de R$ 174 milhões verificado em igual intervalo do ano passado.