A bolsa brasileira garantiu o quarto dia seguido de alta nesta quarta-feira (31), amenizando as perdas do mês de agosto com a expectativa de novas medidas de estímulo à liquidez no exterior.
A espera pela reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) desta quarta-feira, ainda que com uma chance considerada improvável de redução dos juros, também alimentava a valorização das ações no Brasil, segundo operadores.
O Ibovespa subiu 2%, aos 56.495 pontos, ganhando mais força nos ajustes após o fechamento. O giro financeiro do pregão foi de 7,2 bilhões de reais.
Em agosto, mês de maior volatilidade desde a crise de 2008, o índice teve baixa de 4%. No momento mais tenso do mês, dias após o inédito rebaixamento da nota da dívida dos Estados Unidos, o índice chegou a cair abaixo de 48 mil pontos, baixa de 18,75% ante o fim de julho.
Entre as principais ações da bolsa, a preferencial da Vale subiu 1,52%, a 40,65 reais, e a da Petrobras avançou 1,22%, a 20,80 reais.
Para setembro, o mercado continua atento a novos solavancos, mas investidores esperam uma menor volatilidade, o que poderia favorecer a recuperação das ações.
"A expectativa para esses últimos quatro meses do ano são um pouco melhores. Os dados factuais e os dados de expectativa, como sentimento econômico e sentimento do consumidor, no meu modo de ver, já chegaram ao fundo do poço", disse o diretor da corretora Ativa, Alvaro Bandeira.
"Os preços já estão buscando uma situação razoavelmente de equilíbrio", acrescentou.
A equipe de análise do Credit Suisse recomenda atenção para dados econômicos nos Estados Unidos nesta semana, sobre indústria (quinta) e emprego (sexta), para confirmar a probabilidade de uma recessão na maior economia do mundo.
Além disso, será importante monitorar o discurso sobre emprego do presidente norte-americano, Barack Obama, na semana que vem, a reunião do Banco Central Europeu (BCE) sobre juros, no dia 8, e a reunião do Federal Reserve (banco central norte-americano), em 20 e 21 de setembro, onde poderão ser anunciados novos estímulos.
Não há consenso, no entanto, sobre a probabilidade de uma queda das ações logo no começo do mês. Na opinião do estrategista de renda variável da CM Capital Markets, Rafael Espinoso, a compra de ações só voltaria a ficar interessante com o Ibovespa perto de 54 mil pontos.
A queda da bolsa poderia ser provocada pela manutenção dos juros pelo Copom nesta quarta-feira, afirmaram operadores. Embora a manutenção viesse a endossar as expectativas dos economistas, parte do mercado tem precificado na curva de juros a possibilidade de uma redução de 0,25 ponto percentual, o que teria de ser corrigido caso a Selic fique no atual patamar de 12,50%.
"Se não vier nada no Copom, vão ter setores recuando um pouco, como consumo e construção", disse Espinoso.
Na opinião de Bandeira, da Ativa, a compra de ações ainda é interessante aos 56 mil pontos. "Leio esses quatro dias de alta como uma correção para o preço de equilíbrio", disse.