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Paranaguá

BR-277 é liberada, mas carga no porto segue em queda

A reabertura parcial da BR-277 não evitou que o pátio de triagem do Porto de Paranaguá continuasse "esvaziando". De acordo com a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), cerca de 200 caminhões ocupavam o local na tarde de ontem, metade do registrado na segunda-feira – o pátio tem capacidade para mil caminhões, e esteve quase sempre lotado nas semanas anteriores aos deslizamentos na Serra do Mar.

Mesmo com a autorização para que pequenos grupos de caminhões rumem a Paranaguá, a Appa estima que o fluxo não seja grande o suficiente para manter cheios os armazéns do porto. Com menos carga chegando ao terminal, os navios vão demorar mais tempo para serem carregados – ontem, havia três embarcações atracadas e 22 à espera. Em períodos normais, 15 navios aguardam a liberação para entrar no terminal.

Retidos na praça de pedágio de São José dos Pinhais (região metropolitana de Curitiba), os caminhões estão sendo autorizados a descer a serra em comboios de 50 veículos. Cada grupo só é liberado depois que o anterior ultrapassa o km 26, onde uma ponte desmoronou em decorrência das chuvas. Ainda havia filas na rodovia na noite desta terça-feira, entre o km 50 e o km 58 e também entre o km 61 e o km 70. A fila continuava por mais cinco quilômetros na BR-116, que cruza a BR-277.

Estipulado em contrato, o prazo para carregamento normalmente é maior em Paranaguá do que em outros terminais, em razão do histórico de chuvas no porto na época de safra. Passado o prazo, que chega a 20 dias, os exportadores têm de pagar a "demourrage", espécie de multa diária pelo atraso, que pode ser de até US$ 50 mil por dia. Outro fator que agrava ainda mais a situação é o bom preço dos grãos, que fez com que boa parte da produção já tenha sido negociada com grande antecedência.

Ferrovia

Uma boa notícia para os exportadores é que está prevista para hoje a normalização da operação da ferrovia que liga Curitiba ao litoral, segundo a América Latina Logística (ALL), que administra o trecho. A estrada de ferro estava com seis pontos interditados devido a deslizamentos nesta segunda-feira. Cerca de 30% da exportação de grãos do Paraná chega ao litoral por trem.

Armazéns do interior se aproximam do limite

A preocupação com a demora da chegada dos caminhões ao Porto de Paranaguá também é grande no interior do estado, já que as cooperativas temem a possibilidade de descumprir contratos firmados com os compradores internacionais. Um dos fatores que aumenta este temor é a velocidade em que os grãos estão sendo colhidos, de acordo com Dilvo Grolli, presidente da Coopavel, de Cascavel (Oeste do Paraná). Ele afirma que os produtores incorporaram 20% a mais de máquinas na colheita deste ano.

A cooperativa já trabalha no limite da capacidade de armazenagem e espera para os próximos dias que o problema de escoamento seja resolvido. "A Coopavel está armazenando a safra, mas administrando dificuldades", ressalta. A cooperativa tem capacidade para estocar até 12 milhões de sacas de grãos e atualmente os silos estão com 11 milhões de sacas.

Nos Campos Gerais, os armazéns das cooperativas ainda têm espaço, mas, caso a dificuldade de acesso ao porto se prolongue, em uma semana a capacidade pode chegar ao limite. A cooperativa Castrolanda, com sede em Castro, tem capacidade estática de 410 mil toneladas de grãos. "Estamos analisando a nossa capacidade e a produção dos cooperados, mas é certo que temos capacidade para armazenar mais 100 mil toneladas de grãos dentro dos próximos dez dias", aponta Márcio Copa­cheski, gerente agrícola da cooperativa.

A cooperativa Batavo, de Carambeí, trabalha com a capacidade de armazenamento de 450 mil toneladas, e seu espaço de armazenagem também já está diminuindo. "Trabalhamos muito com venda antecipada, mas não temos como transferir os carregamentos para as indústrias por causa dos problemas na rodovia", ressalta o gerente agrícola, Anacleto Luís Ferri. Ele acrescenta que há 60 mil toneladas de trigo da safra de 2010 que ainda ocupam espaço nos armazéns da cooperativa.

Na Coopagrícola, em Ponta Grossa, a cessão dos armazéns para terceiros não será possível nesta safra. "Normalmente, quando a produção está fluindo bem, nós fazemos essa prestação de serviços para clientes terceiros, mas neste ano só teremos espaço para os nossos cooperados", afirma o coordenador comercial, Silvério Laskos.

Lição

No Noroeste do Paraná, porém, a situação é mais tranquila. Segundo a Cocamar Cooperativa Agro­industrial, a capacidade de estocagem de grãos é de 930 mil toneladas, contando com as unidades da região de Maringá. Até a tarde de ontem, porém, 330 mil toneladas de soja estavam estocadas nos silos e armazéns da cooperativa – ou seja, ainda havia espaço para 600 mil toneladas de grãos.

"No ano passado tivemos dificuldades para estocar toda a safra de grãos. Chegamos ao limite e não tínhamos onde colocar mais soja, mas serviu de lição para ampliarmos nossos silos. Neste ano vai ser mais tranquilo porque temos bastante espaço e a safra está chegando ao fim na região", revela o coordenador operacional na área de grãos da Cocamar, Leonildo Pesco.

Colaboraram Maria Gizele da Silva, da sucursal de Ponta Grossa, Fábio Guillen, da Gazeta Maringá, e Luiz Carlos da Cruz, correspondente em Cascavel.

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