Os recordes de venda e de produção de veículos em 2008 podem render ao Brasil a quinta colocação entre os principais mercado do mundo e a 6ª colocação em produtividade. De janeiro a dezembro do ano passado foram comercializados no país 2,82 milhões de veículos (automóveis, comerciais leves, ônibus e caminhões) e saíram das linhas de montagem 3,21 milhões de unidades. "Devemos esperar o fechamento dos outros mercados, mas acredito que o Brasil passará em vendas o mercado interno da Rússia, França e Itália", afirma o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider.
Se a previsão for confirmada, o Brasil pulará da oitava posição no ranking mundial para a quinta, atrás de Estados Unidos, China, Japão e Alemanha. Em relação à produção, o Brasil passaria de sétimo para sexto, ou seja, ultrapassaria a França. No que se refere ao volume de fabricação de veículos, o ranking é liderado pelo Japão, seguido de China, Estados Unidos, Alemanha e Coréia do Sul.
Para Schneider, como o mercado brasileiro registrou ritmo acelerado de janeiro a setembro e o mercado internacional foi fortemente abalado pela crise financeira, as chances do Brasil são grandes.
Desafio é 2009
Embora o ranking destaque o Brasil no exterior - o que é importante para atrair investimentos estrangeiros e expandir negócios -, a Anfavea já não olha mais para 2008. A entidade, agora, esforça-se para resolver o grande gargalo do setor: o encalhe de veículos usados no mercado interno. "Em princípio, todo carro usado é estoque", diz Schneider. Segundo ele, o maior desafio para vender carros novos é voltar o ritmo de vendas de usados. "A Anfavea já começou a desenvolver um plano para solucionar esta questão."
O plano não está pronto, mas o governo já foi informado. Nesta quarta-feira (7), Jackson Schneider e outros 11 representantes de setores importantes para a economia nacional se reuniram com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para avaliar a crise mundial. De acordo com Schneider, nesta reunião foram destacados os problemas do setor automotivo.
Outro ponto apontado por Jackson Schneider como preocupação da indústria é a taxa de juros, ou seja, o custo do crédito. "Vamos aguardar a próxima reunião do Copom", observa Schneider.
A queda das exportações também deve ser questionada perante o governo, para eventuais medidas em longo prazo. "Vamos esperar o dólar se acomodar, mas precisamos entender que tipo de ônus a exportação paga e não deveria pagar, como IOF, o custo financeiro do crédito de ICMS. Isso encarece as exportações frente a competidores estrangeiros que não têm este tipo de ônus", avalia o presidente da Anfavea.
Diante de tantas incertezas, a entidade decidiu adiar o anúncio das projeções para este ano. A espera também é em função dos reflexos da isenção e redução do IPI sobre os veículos, medida tomada pelo governo há quinze dias. "Vamos esperar para ver o reflexo das mudanças sobre o mercado", diz Jackson Schneider.