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Crise financeira

Brasil, Índia e África do Sul dizem que chegou a hora de serem ouvidos

O presidente Lula com o primeiro ministro da Índia, Manmohan Singh (C), e o presidente da África do Sul, Kgalema Motlanthe (E) | Raveendran/AFP
O presidente Lula com o primeiro ministro da Índia, Manmohan Singh (C), e o presidente da África do Sul, Kgalema Motlanthe (E) (Foto: Raveendran/AFP)

Os líderes da Índia, Brasil e África do Sul disseram na quarta-feira que a crise global de crédito mostra a necessidade de solidariedade sul-sul e de reformas em instituições como a Organização das Nações Unidas (ONU), para que elas reflitam o crescimento econômico destes países.

Os três países já começaram a sentir os apuros da crise cuja culpa é atribuída aos erros e à ganância das nações ocidentais mais ricas.

"Corremos o risco de virar vítimas de uma crise financeira gerada pelos países ricos. Isso é injusto", disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em uma cúpula que reuniu os três países, em Nova Délhi.

"É inadmissível que paguemos pela irresponsabilidade de especuladores que transformaram o mundo em um enorme cassino. Ao mesmo tempo, eles nos deram lições de como devemos governar nossos países."

"Nossos países devem participar mais diretamente da coordenação internacional para confrontar a crise financeira."

Países como Brasil e Índia, que fazem parte do grupo de novos emergentes chamado de BRIC, fazem campanha para ter mais influência nas políticas financeira e diplomática mundiais.

A crise deu mais força aos seus argumentos. Eles dizem que os principais mercados emergentes precisam de assentos no Conselho de Segurança da ONU ou um papel nas cúpulas do G8, que reúne os sete países mais industrializados do mundo mais a Rússia.

"Precisamos mais do que nunca renovar os esforços para reformar as instituições de governança internacional, seja a ONU ou o G8", disse o primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh durante a cúpula.

"Nossa voz precisa ser ouvida nos conselhos internacionais, para que lidemos com essa crise de uma forma que não prejudique nossas prioridades de desenvolvimento", completou.

O Brasil, por exemplo, viu suas ambições de tornar-se um peso pesado na economia global serem prejudicadas pela crise, que já chegou aos mercados de câmbio e à bolsa, antes fortes.

Já a Índia foi forçada a injetar liquidez em seu sistema bancário e há temores de que os índices de crescimento do país asiático sofram com a crise.

"Os pilares de estabilidade... estão potencialmente no sul", disse o presidente da África do Sul, Kgalema Motlanthe.

A Índia e o Brasil são membros-chave do G20, grupo que reúne as 20 maiores economias emergentes, e lideram os países em desenvolvimento em negociações comerciais.

Mas as divergências entre os Estados Unidos, os exportadores e os importadores de alimentos dos países em desenvolvimento prejudicaram as negociações entre ministros do Comércio, há dois meses.

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