O Brasil e os Estados Unidos terão de voltar a negociar uma alternativa que seja benéfica para os dois países no caso de o Senado norte-americano também suspender o pagamento da compensação à indústria brasileira pelos subsídios dados aos produtores de algodão daquele país. A avaliação é do coordenador geral de contenciosos do Itamaraty, Celso de Tarso Pereira.
Esses subsídios foram considerados ilegais pela Organização Mundial do Comércio (OMC) e, por isso, os Estados Unidos passaram a financiar um fundo no Brasil para fomentar o setor. Nesta quinta-feira (16), no entanto, a Câmara de Deputados dos EUA aprovou cortes no orçamento para o setor agropecuário que afetaria o pagamento de US$ 12,275 milhões mensais ao Brasil.
Pereira destacou que o Executivo americano tem se empenhado em lembrar dos compromissos do país em relação ao Brasil e, por isso, espera que o Senado americano não leve adiante a aprovação já feita pela Câmara. "Isso será muito sério se ocorrer. Não devemos ir logo para uma retaliação no caso da aprovação, preferimos negociar com o país", comentou o diplomata à Agência Estado. O presidente do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA), Haroldo Cunha, não descartou a possibilidade de o Brasil adotar retaliação cruzada, aprovada pela OMC, no caso de um descumprimento.
O conselheiro do Itamaraty salientou que a remessa de recursos foi feita pelos EUA desde o começo das negociações, como uma forma de mostrar que quer negociar. O Brasil, segundo ele, não tem interesse em receber esse montante eternamente, mas que os subsídios aos cotonicultores americanos deixem de ser pagos, tornando a competição mais leal no mercado externo. Como os Estados Unidos precisariam alterar uma lei interna (Farm Bill) para honrar a decisão da autoridade máxima do comércio, mas só poderão fazer isso ao final de 2012, optaram pelo financiamento do fundo ao Brasil.
"Esta foi uma compensação temporária inteligente e podemos encontrar outras antes de partir para a retaliação", disse Pereira. Para contra-atacar de forma mais contundente é preciso que haja aprovação de ministros de Estado, por meio da Câmara de Comércio Exterior (Camex), uma circunstância bem mais delicada de atuação. Além disso, alerta, o governo brasileiro precisa colocar na balança todos os contras que uma retaliação pode significar para a relação entre os dois países.
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