O Brasil busca, já no início da próxima semana, fechar um acordo que permita retomar os fluxos comerciais com o México, que sofreram redução de aproximadamente US$ 2 bilhões de três anos para cá. “O comércio entre os dois países é bastante diversificado, mas já foi mais significativo. As situações conjunturais, tanto aqui como lá, ocasionaram uma certa diminuição”, afirmou o embaixador Paulo Estivallet de Mesquita, subsecretário-geral da América do Sul, Central e do Caribe do Itamaraty.
O México é o oitavo maior parceiro comercial do Brasil. Por outro lado, o Brasil é o segundo destino de investimentos mexicanos no exterior. “O comércio bilateral já chegou a alcançar US$ 10 bilhões por ano. Hoje em dia é em torno de US$ 8 bilhões”, citou o embaixador. “A ideia de negociar um acordo mais amplo é que se permita a recuperação disso.”
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, viaja para o México neste fim de semana para, na segunda e terça-feira, participar de uma reunião da Comissão Bilateral Brasil-México. A agenda, antecipou o subsecretário do Itamaraty, incluirá temas políticos e econômicos, mas também questões de cooperação científica e educacional. Estão previstos debates sobre o fortalecimento de programas de agricultura tropical - parceria entre Embrapa e instituições mexicanas afins - e a aproximação entre universidades, por meio da facilitação do reconhecimento de diplomas e de oportunidades de intercâmbio estudantil entre alunos dos dois países.
Também está em negociação a expansão do Acordo de Complementação Econômica (ACE) 53, em vigor desde 2002, que estabelece preferências tarifárias para centenas de produtos - alguns deles com desconto de 100% sobre a alíquota original de importação. “O objetivo é chegar a um acordo até meados deste ano. É um elo que falta e que esperamos completar”, disse Estivallet.
O ministro Vieira terá um encontro privado com o secretário de Economia mexicano, Ildefonso Guajardo Villarreal, especificamente para tratar do ACE 53. O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil, Armando Monteiro, também estará presente. “É conveniente aos dois (países) a busca de um maior fluxo de contato, de um esforço contínuo para que a gente consiga que a voz da América Latina seja ouvida”, salientou o embaixador.
Na área de cooperação consular, serão debatidas formas de “minimizar os riscos” de brasileiros que usam o México, já que não há necessidade de visto, para tentar entrar ilegalmente nos Estados Unidos. “É uma dificuldade infelizmente já tradicional, mas tem havido uma cooperação de altíssimo nível não só das autoridades consulares, mas também das policiais”, informou o subsecretário.
O governo se anuncia satisfeito, ainda, com o fato de o México ter decidido, recentemente, voltar a participar de missões de paz das Nações Unidas, colocando militares à disposição para “colaborar com a troca de experiências”, uma vez que brasileiros são o principal contingente de participação na missão do Haiti, por exemplo.
Cachaça e tequila
Estão em curso conversas sobre o reconhecimento da propriedade intelectual da tequila e da cachaça como “denominações de origem” do México e do Brasil, respectivamente. A ideia é firmar a emissão de “algum tipo de diploma legal que assegure que não haverá a produção de sucedâneos de tequila no Brasil ou de cachaça no México”, anunciou Estivallet. “Há bastante convergência e é provável que se chegue em um resultado positivo e concreto, quem sabe até durante a viagem.”