O Brasil vai propor ao G20 a criação de comissões para tratar do que considera os três grandes "eixos" decorrentes da crise mundial: reconstituição do sistema financeiro, nova regulação e adoção de políticas anticíclicas globalmente.
A idéia foi detalhada à Reuters pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, um dos anfitriões da reunião que acontece neste final de semana em São Paulo com ministros da área e presidentes de bancos centrais das 19 principais economias do mundo mais a União Européia.
"O que já foi feito é positivo e necessário, mas não é suficiente porque até agora nós não conseguimos restabelecer o sistema de crédito em bases mínimas. O sistema financeiro mundial não está funcionando", avaliou Mantega.
"Nossa idéia é canalizar esse evento para que ele possa desembocar em propostas de comissões que se formem para abordar cada um dos grandes itens que dizem respeito a essa crise".
Para Mantega, o tema mais emergencial é o de reconstrução do sistema financeiro, para fazer com que os empréstimos interbancários voltem a fluir e que o crédito chegue às empresas. "Sem o crédito, a máquina da produção mundial não funciona adequadamente e estamos assistindo uma retração econômica muito forte", argumentou.
O ministro também defendeu que as comissões seriam o melhor foro para discutir uma nova regulação dos mercados e até mesmo a criação de novas instituições de âmbito mundial.
"Nós queremos dar mais transparência ou menos? Nós queremos estabelecer níveis de alavancagem ou não? Nós queremos estabelecer marcação a mercado ou não? Isso requer um trabalho intenso de elaboração e discussão que só poderá ser feito em grupos de trabalho", afirmou.
Para Mantega, o G20 tem vantagem sobre o G7 (grupo dos sete países mais industrializados do mundo) para travar essa discussão. "Antigamente o G7 dava conta. Mas agora certamente é insatisfatório".
Abertura ou protecionismo
Definidos esses eixos, o G20 também trabalharia para a recuperação das economias abatidas pela crise. E a melhor forma de conseguir isso, segundo Mantega, é adotando políticas expansionistas.
"Não interessa só que o Brasil cresça, interessa que a China cresça, que a Índia cresça, a África do Sul, os Estados Unidos, a União Européia... Daí o esforço para que todos os países possam trilhar uma política expansionista", disse.
"Nós temos que tomar cuidado e evitar que a saída (para a desaceleração provocada pela crise) seja de nacionalismo, de fechamento do país, mas que sejam soluções compartilhadas de modo que o caminho seja mais abertura".
Mantega não teme que a chegada à Casa Branca de um democrata, com a eleição de Barack Obama, dificulte esse processo.
"Eu acredito que essa diferença entre democratas e republicanos, na conjuntura atual, fica minimizada porque é um momento em que todo mundo adota políticas pragmáticas. Este é o momento do pragmatismo".
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