A presidência da União Européia planeja chegar a um acordo no Brasil, durante o fim de semana, sobre as bases para a reforma de Bretton Woods, tratado que regulamenta o sistema financeiro internacional desde 1944. A afirmação foi feita na noite de quinta-feira (6), em Paris, pela ministra da Economia da França, Christina Lagarde. Segundo ela, a idéia é que a reunião do G-20 financeiro que ocorrerá neste fim de semana, em São Paulo, resulte em propostas concretas para um grande projeto de regulação da economia global, que será discutido na Cúpula de Washington.
A reunião do G-20 financeiro, grupo integrado pela União Européia (UE), pelos membros do G-8 (os sete mais ricos, mais a Rússia), pela Austrália e por grandes emergentes - como Brasil, Argentina, México, Coréia do Sul, China, Índia, Indonésia, Arábia Saudita, África do Sul e Turquia -, será realizada sábado e domingo, em São Paulo. O encontro, com a presença do diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, encaminhará a proposta a ser apreciada por chefes de Estado e de governo, em 15 de novembro, em Washington.
Christine Lagarde vai ao Brasil na condição de presidente da UE - cargo exercido neste semestre pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy. Sua idéia é deixar São Paulo na segunda-feira com uma lista de propostas que envolverão a exigência de registro e controle de agências de classificação de risco, normas contáveis mais rígidas sobre bancos e companhias de seguros e medidas de coordenação entre órgãos de supervisão do sistema financeiro. Na prática, será a reforma de Bretton Woods, tratado que lançou as normas de regulação do capitalismo contemporâneo, em 1944. "O importante é que possamos refundar as regras internacionais de financiamento da economia", disse Christine, em 45 minutos de conversa com jornalistas brasileiros.