Grandes fortunas brasileiras e empresas nacionais levaram mais de US$ 23 bilhões aos principais paraísos fiscais do Caribe, entre eles as Ilhas Cayman e as Ilhas Virgens Britânicas. Os dados foram publicados nesta terça-feira (3) pela Conferência da ONU para o Desenvolvimento e Comércio, num informe que aponta que, apenas em 2015, o mundo aplicou US$ 72 bilhões em paraísos fiscais na região caribenha e mais de US$ 221 bilhões pelo mundo.
Os dados são divulgados no momento em que diversos governos pelo mundo avaliam o impacto dos Panama Papers, que revelaram uma estrutura de empresas offshore constituídas em muitos desses centros para simplesmente servir de forma para esconder recursos. Manter contas em paraísos fiscais não é ilegal. Mas precisam ser declaradas.
No caso do Brasil, entre 2010 e 2014, o volume de dinheiro aplicado no Caribe representou 5% de todos os recursos recebidos por esses centros e coloca o País entre os cinco maiores “investidores “ nesses centros financeiros.
Os maiores investidores em paraísos fiscais caribenhos são Hong Kong, com US$ 148 bilhões, contra US$ 94 bilhões dos EUA e US 77 bilhões da Rússia, além de US$ 45 bilhões da China.
No mundo, a maior taxa de recursos de recursos depositados por multinacionais e suas afiliadas está em Luxemburgo, país que foi sacudido pela revelação em 2015 de documentos mostrando como o governo fechou acordos confidenciais com grupos privados para reduzir impostos e atrair suas sedes fiscais para o local.
Segundo os dados da ONU, uma parte substancial desses investimentos em Luxemburgo veio de empresas dos EUA. Só no primeiro trimestre do ano de 2015, um fluxo de US$ 155 bilhões foi registrado em Luxemburgo. Mas a volatilidade de entrada e saída de recursos é elevada.
Só em recursos que saíram de Luxemburgo para os EUA, o volume chegou a US$ 153 bilhões. Luxemburgo tem recursos de 114% de seu PIB. Nas Ilhas Cayman, a taxa é de 800%.
No final de 2015, um volume importante de recursos deixou Luxemburgo e a Holanda, depois que a UE passou a aplicar duras regras contra a evasão de grandes conglomerados.
Mas, segundo a ONU, a existência de paraísos fiscais continua ser um “grande desafio para a gestão pública”. Empresas de 26 países ricos, por exemplo, registraram mais lucros em Bermuda em 2014 que na China, o maior mercado do planeta.
Apesar das taxas elevadas de investimentos em paraísos fiscais, a ONU indica que o volume já foi superior. Em 2013, cerca de US$ 132 bilhões foram depositados nesses locais.
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