A declaração da presidente Dilma Rousseff de que somente a partir do dia 17, quando volta da reunião do G-20, na Austrália, irá anunciar a decisão sobre o novo ministro da Fazenda indica que a estratégia costurada do Palácio do Planalto seria de poupar o novo ministro e atribuir a Guido Mantega o protagonismo das medidas que devem ser anunciadas até lá, todas com uma grande carga negativa.
Redução da meta fiscal por total incapacidade de cumprimento da atual; reajuste de gasolina e diesel, com impacto imediato na inflação elevando o risco de estouro da meta; possível elevação do déficit da balança comercial; medidas para conter risco de racionamento de energia elétrica. Tudo será embalado e despachado na conta de Mantega. O novo ministro será conhecido já com todo esse trabalho feito.
É uma tentativa de evitar contaminar o novo chefe da equipe econômica, que seria invariavelmente chamado a comentar cada um dos anúncios, mesmo que ainda não respondesse pelo governo. Some-se a isso o fato cada vez mais evidente de que não há um nome com 100% de aprovação de Dilma. Parece aquela letra de bolerão que diz "quem eu quero não me quer; quem me quer mandei embora".
Nesse contexto, as especulações continuam em torno dos dois mais prováveis: Henrique Meirelles e Nelson Barbosa, ambos com restrições no relacionamento com outros integrantes de postos-chave do governo e sem a confiança integral da presidente.
Esta semana, em Nova York, a diretora-gerente da Standard & Poor's, Lisa Schineller, deu o tom da expectativa internacional em torno do segundo mandato de Dilma: baixo crescimento, em torno de 1% ao ano, e queda nos investimentos, a permanecer a mesma situação atual. E o recado foi bem claro em direção a um rebaixamento se não sair do papel o programa de reformas prometido há anos.
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