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Caixa deve vender ativos para evitar aporte do governo, diz presidente do banco

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(Foto: Antônio More/Gazeta do Povo)

A Caixa Econômica Federal deve vender ativos e cortar dividendos para não ter de pedir ao governo uma injeção de capital no ano que vem, disse o presidente da instituição, Gilberto Occhi, ao Wall Street Journal (WSJ), citando planos para abertura de capital da Caixa Seguridade e a possibilidade de vendar o controle da Lotex. “Estamos tomando uma série de medidas para reduzir a probabilidade de precisar de capital do governo (em 2018)”, afirmou. O objetivo é equilibrar o balanço, prejudicado por empréstimos duvidosos, num momento em que se prepara para se enquadrar no conjunto de regras de requerimento de capital conhecido como Basileia 3.

Occhi não descartou, porém, a necessidade uma injeção de capital. “Precisamos avaliar o cenário, para ver se o governo vai concordar em reduzir os dividendos e também o avanço dos planos para vendera ativos”, disse ao jornal americano. “Também depende do mercado, como a economia vai se comportar no ano que vem.”

A Caixa, conta a reportagem, está fazendo planos para o IPO (oferta inicial de ações) da Caixa Seguridade e considera vender o controle da Lotex, sua divisão de loterias. Os dois movimentos aconteceriam em 2017 “se o mercado de capitais permitir”, disse o presidente do banco. Outra possibilidade é vender a fatia de 49% que a Caixa tem no Banco Pan, mas, conforme o WSJ, Occhi negou que a Caixa esteja negociando com potenciais compradores. Ele também disse que a fatia de 5,82% na JBS, maior processadora de carne do mundo, será liquidada, mas não deu datas. “Não está na estratégia de longo prazo do banco”.

O periódico explica que, durante o governo Dilma Rousseff, a Caixa se tornou uma importante fonte de receitas para o governo: de 2010 a 2014, a instituição transferiu 100% de seus lucros para o Tesouro, conforme Occhi. O índice caiu para 50% em 2015, quando as preocupações com a inadimplência saltaram aos olhos. Agora, a ideia é reduzir o índice para 25%, o mínimo exigido por lei, disse o executivo.

O WSJ trata de como a recessão afeta a Caixa, embora a instituição ainda seja lucrativa: a inadimplência subiu e os lucros caíram. O índice de alavancagem, indicador de saúde financeira do setor, caiu de 14% no segundo trimestre de 2015 para 12,78% em igual período e está abaixo das taxas verificadas no setor privado. O jornal afirma que a instituição está pagando pela forte ampliação do crédito no governo de Dilma Rousseff — especialmente com linhas de risco, como empréstimos pessoas e para compra de veículos, no esforço para estimular a economia — e lembra que a Caixa há muito é usada pelos governos para implementar suas políticas.

“De 2009 a 2015, a Caixa transferiu um total de R$ 27 bilhões para o governo”, destaca a publicação, citando Occhi.

Conforme a reportagem, a Caixa planeja incrementar a carteira de crédito em 7% neste ano, abaixo dos 12% do ano passado. E está focado em reduzir a taxa de inadimplência, que cresceu de 2,85% no segundo trimestre de 2015 para 3,2% para o mesmo período deste ano.

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